- 16/06/2020
Manejo depende do tipo de acidente e se a queimadura é de primeiro, segundo ou terceiro grau
Nem sempre é possível evitar uma queimadura. E quando ela acontece, a maneira como a vítima é socorrida influência muito no tratamento e recuperação. O manejo e encaminhamento variam de acordo com o tamanho do ferimento e o tipo de acidente, que pode ser por chamas, líquido quente, descarga elétrica, exposição exagerada ao sol ou em colisões com veículos e explosões.
As queimaduras são classificadas em primeiro, segundo e terceiro graus. A mais leve deixa a pele avermelhada, normalmente, quando a pessoa fica muito tempo exposta ao sol. Para tratar, recomenda-se usar um creme hidratante, evitar nova exposição e tomar muita água. Em caso de dor, ainda é indicado o uso de analgésico.
“São classificadas de segundo grau aquelas em que aparecem bolhas. E a de terceiro grau são as mais profundas, acometendo todas as camadas da pele, deixando a superfície dura, enegrecida ou ‘nacarada’”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras, José Adorno, que é cirurgião plástico e atende na unidade de queimados do Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília.
SOCORRO - Uma das primeiras observações a fazer com relação ao atendimento da vítima é: jamais passe qualquer substância na área queimada, tais como pasta de dente e borra de café, muito indicados em crendices populares. Use apenas água corrente, para lavar e resfriar.
Em caso de um corpo em chamas, é preciso deitar e rolar. “Não pode correr, para não aumentar a exposição ao vento, o que aumenta o oxigênio e, consequentemente, agrava a queimadura”, explica Adorno. Ele orienta que quem estiver por perto, pode usar algo que possa abafar a chama, como um cobertor.
O local onde procurar ajuda vai depender do tipo de acidente e da extensão da queimadura. “Uma de tamanho moderado deve ser enrolada em pano limpo e levada a uma unidade básica de saúde ou pronto-socorro próximo. Eles saberão indicar o melhor tratamento ou encaminhar para um serviço mais adequado”, esclarece José Adorno.
No caso de grandes queimaduras, o ideal é chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), principalmente, se houver inalação de fumaça e outros traumas associados. “Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhor. É preciso começar, o quanto antes, o processo de hidratação, o que chamamos de ressuscitação hídrica, já que o queimado tem grande perda líquida”, explica o presidente da SBQ.
José Adorno ressalta que as equipes bem treinadas, em qualquer dos níveis, fazem toda a diferença. “Por isso, a SBQ promove cursos e jornadas, como o Curso Nacional de Normatização de Atendimento ao Queimado, voltados para emergencistas e equipes de saúde, para que possam fazer o atendimento adequado e no tempo correto”, detalha.
CTQs - Quando a queimadura é grave, o local mais indicado para atendimento é em Centro de Atendimento a Queimados (CTQ), instalado, geralmente, em hospitais gerais. São cerca de 65 deles espalhados pelo Brasil. “Estamos conhecendo toda essa rede. Identificamos que o Norte do Brasil ainda está pouco abastecido neste atendimento. As populações ribeirinhas, onde é difícil o acesso, precisam de estratégias específicas para este atendimento”, explica.
Segundo o médico José Adorno, os CTQs, para funcionar, precisam de equipamentos adequados, curativos especiais, unidade de terapia intensiva, com equipe multiprofissional de excelência, como fisioterapeutas para ajudar a evitar as infecções pulmonares, enfermagem treinada para fazer os curativos.
“São os CTQs que conhecem os dados epidemiológicos da região e isso serve para direcionar campanhas de prevenção e tratamento. Os CTQs são de grande importância para direcionar a linha de cuidado, desde a prevenção até a reinserção social do paciente”, detalha José Adorno.
A SBQ está, atualmente, apoiando um estudo para conhecer as estruturas dos CTQs e sugerir as alterações necessárias para melhorar os serviços pelo Brasil.