- 18/02/2025
Objetivo é sensibilizar a população e profissionais de saúde quanto a este tipo crime e a subnotificação dos casos nas unidades de saúde
Daqui a três meses, a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) inicia sua campanha anual intitulada Junho Laranja, um momento para conscientizar a população e o Estado quanto à necessidade de prevenção a acidentes e a busca por melhorias nas políticas públicas de atendimento às vítimas de queimaduras.
Apesar de trabalhar o assunto como um todo, anualmente a SBQ escolhe um tema central para fazer a abordagem ao longo de todo o mês de junho e em 2025 a escolha foi a violência contra a mulher.
Uma pesquisa básica em sites de busca revela inúmeras notícias de vítimas de feminicídio ou tentativa de feminicídio, nas quais o fogo ou substâncias corrosivas, como o ácido, foram utilizados como meios de agressão à mulher e às pessoas transexuais. Apesar disso, as notificações desses casos em unidades de saúde são reduzidas.
A atual vice-presidente da SBQ, a enfermeira Dra. Raquel Pan, estuda essa temática desde 2018, devido a uma das atividades do Comitê de Prevenção da ISBI (International Society for Burns Injuries).
Naquele período, além da atual vice-presidente, pesquisadores da Austrália e do Canadá realizaram uma revisão sobre a ocorrência de violência por queimaduras contra mulheres e meninas no mundo. Um dos principais desafios encontrados pelas pesquisadoras foi a escassez de dados sobre esse tipo de violência, o que resulta na subnotificação dos dados e na real dimensão do problema.
Raquel Pan continua realizando pesquisas nessa temática no Brasil e em parcerias com pesquisadores de outros países, como é o caso de um outro trabalho que envolve profissionais da Austrália, do Canadá e do Reino Unido para fazer um levantamento das notificações de casos de violência por queimaduras contra a mulher no Global Burn Registry (Registro Global de Queimaduras), uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) em colaboração com a ISBI.
“A gente tem visto diferentes formas de violência contra a mulher, incluindo as queimaduras. Então, é importante a gente falar sobre esse assunto para as pessoas relatarem para o centro de tratamento, para as unidades de emergência, para as unidades de pronto atendimento, que recebem os pacientes queimados em diferentes regiões do nosso país, para que possamos entender de fato”, observa Raquel Pan.
Ela destaca, ainda, que a problemática da violência contra a mulher, no caso das queimaduras, geralmente não é para matar, mas sim, para desfigurar. “É algo do tipo: se não vai ficar comigo, não vai ficar com ninguém. São casos que a gente já tem observado em outros países, como o Oriente Médio, principalmente em queimaduras com ácido”, ressalta a vice-presidente da SBQ.
Conscientização
Os objetivos da campanha são sensibilizar profissionais de saúde, a comunidade e as vítimas sobre a importância da notificação/denúncia dos casos de violência por queimaduras e conscientizar a população sobre esse tipo de crime, além de promover formas de colaboração para a redução de sua ocorrência.
Para alcançar mais pessoas, a SBQ conta com a colaboração de parceiros, presidentes regionais da entidade, diretores de centros de tratamento de queimados, organizações não governamentais e de toda a população para que a comunicação alcance mais pessoas.
A programação do Junho Laranja ainda está sendo consolidada e, em breve, será divulgada. Porém, estão previstos webinars, eventos presenciais, iluminação de monumentos e prédios públicos e campanhas de conscientização em escolas, universidades e espaços públicos
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