YD Comunicação - 17/12/2022
Após dois biênios à frente da SBQ, José Adorno enxerga este período como uma grande experiência para toda a equipe
Desde 2019, o cirurgião plástico José Adorno estava à frente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), assumindo o cargo de presidente da instituição. Com ele, uma importante equipe, formada por profissionais renomados da área da Saúde, compuseram a diretoria da SBQ. Foram anos de trabalho, encarando uma pandemia – causada pelo coronavírus – e buscando sempre a melhor forma de fortalecer a organização, os profissionais que atuam na área de queimaduras e lutar por políticas públicas que deem o tratamento adequado aos pacientes queimados de todo o país.
Em entrevista, José Adorno fala em nome de toda a diretoria, sobre os anos de uma gestão excelente.
Como o senhor avalia esses anos trabalho à frente da SBQ?
José Adorno - Foram anos de muito trabalho. Estar na presidência da SBQ foi grande experiência e toda equipe trabalhou alinhada e com muita qualidade. Buscamos o fortalecimento da instituição e estar mais próximos dos profissionais que atuam na área, além de oferecer oportunidades de participação da instituição. Com isso, aumentamos, expressivamente, nosso número de sócios; a comunicação com essa rede melhorou incrivelmente, com mais interação e qualidade de conteúdo nas redes sociais e no site da Sociedade, que foi atualizado e tornou-se ferramenta importante na interface com a comunidade e de comunicação institucional. Enfrentamos a pandemia, oferecendo apoio aos CTQs; fizemos parceria com o SIG Queimaduras, que foi uma ferramenta fundamental, com mais de 62 reuniões, tratando de temas pertinentes.
Quais ações o senhor destaca neste período?
José Adorno - Avaliamos em pesquisa específica para qualificar como aconteceu e como o perfil epidemiológico mudou e, também, os danos na estrutura de atendimento neste período de pandemia. Ainda, mapeamos, nacionalmente, os pontos de atenção para atendimento a queimados. Reinauguramos a estrutura de comitês da SBQ, fortalecendo e pautando produtividade das diferentes disciplinas que participam do cuidado aos pacientes queimados, convidando profissionais para desenvolver conteúdo de sugestões e recomendações de atuação. Houve grande interesse e dedicação desses profissionais, desenvolvendo documentos estruturantes e que serviram para balizar outras diretrizes institucionais.
Outra frente foi buscar órgãos e instituições governamentais para apoio e desenvolvimento de políticas públicas em queimaduras que estão sobrestadas há longa data. Estreitamos contato com a Agência do Vigilância Sanitária (Anvisa), Sistema Nacional de Transplantes (SNT), Conselho Federal de Medicina (CFM), Ministério da Saúde e outras instituições envolvidas nessa discussão, que foram buscadas oficialmente e agendas específicas, em que cobramos e oferecemos apoio técnico-científico para fundamentar a necessidade de progresso em diretrizes na política pública de queimaduras.
O que mais o senhor ressalta em relação aos trabalhos feitos?
José Adorno - Além de agenda progressista em vários setores, culminamos com o I Worshop de Discussão e Avaliação da Linha de Cuidado na Rede de Assistência a Queimados no Ambiente SUS. Conseguimos um grande e produtivo encontro, de mais de 35 experientes profissionais, em dois dias intensos de trabalho, para produção de marco documental para fundamentar a construção e da Linha de Cuidado das Queimaduras que partirá da necessidade e realidade de quem operacionaliza na ponta a oferta deste atendimento. No bojo desse evento, iniciamos apoio técnico-científico à Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) para a construção da rede de media-complexidade das queimaduras naquele estado. São ações que se somam na elaboração da Linha de Cuidado que já pauta o próximo governo. Já temos material para dar apoio às instituições federais, estaduais e municipais. A SBQ tem papel fundamental neste processo por ser a maior referência institucional com o olhar e dedicação exclusiva a este tema de saúde pública nacional.
Quais estímulos científicos e campanhas a SBQ participou?
José Adorno - Incentivamos a pesquisa em diversas áreas e ajustamos a Revista Brasileira de Queimaduras com a equipe acadêmica e processos de trabalho de captação, de produção de artigos durante a pandemia, para que, apesar das dificuldades próprias e cenário pandemia, não impedisse nosso crescimento. Outro ponto de relevância foi organizar o interesse de ligas acadêmicas, ordenando junto com os ligantes, com muitas atividades on-line e disseminamos mais conhecimento sobre queimaduras, em especial, no Junho Laranja, mês de conscientização e prevenção das queimaduras, que se tornou um mês de discussão nacional de forma integrada, dando visibilidade a todas as ações regionais e locais.
Também com as ligas acadêmicas, produzimos o Manual de Queimaduras, como referência de consulta para estudantes da graduação de medicina e outros profissionais de saúde. Junto com Ministério da Saúde, o primeiro boletim Epidemiológico de Queimaduras. Enfim, a pandemia trouxe-nos dificuldades e oportunidades.
Qual reflexão o senhor faz desses anos?
José Adorno - Durante esses quatro anos diante da SBQ, apesar de todas as dificuldades, conseguimos avançar do ponto de vista institucional. Saímos fortalecidos e mais estruturados para continuarmos crescendo. Estou muito confiante e seguro do progresso nos próximos anos. A SBQ se afirma, paulatinamente, como instituição necessária para o progresso. É fundamental que continuemos a avançar para um futuro com mais e mais participação multiprofissional em todas as ações: seja de prevenção, assistência, educação, pesquisa e gestão institucional. A SBQ é o ponto de encontro de todo esse progresso a nível nacional.