- 30/07/2020
É uma área importante no atendimento, pois tratar o paciente de maneira correta ajuda a melhorar os resultados
Quando você se forma em algum curso na área da saúde, como medicina, enfermagem, fisioterapia, nutrição e psicologia, sabe que pode encontrar, durante a carreira, casos bem complexos. Entre eles, o atendimento a um paciente vítima de queimaduras provavelmente será o mais desafiador, devido à sua complexidade, exige atenção de uma equipe multidisciplinar.
Especialização em queimaduras ainda é um desafio no mundo e também no Brasil. De acordo com o membro da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Mário Frattini, no Brasil, os profissionais que atuam nas unidades de queimados têm contato com a especialidade na residência médica ou em cursos específicos, como o Curso Nacional de Normatização de Atendimento a Queimado, promovido pela SBQ. “Alguns serviços já fizeram ou estão em processo de validação de residência em queimaduras, mas, infelizmente, ainda não é uma especialidade reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB)”, explica.
A atuação do profissional especialista para cuidado e tratamento de vítimas de queimaduras tem aumentado nos últimos tempos, por isso, quanto mais qualificado, melhor. “Nas residências médicas de cirurgias plástica, por exemplo, em alguns serviços, há opção de se fazer a residência na unidade de queimados e fica com uma subespecialização”, esclarece Frattini.
A Escola Paulista de Medicina, por exemplo, oferece o Programa de Residência Médica no Atendimento ao Paciente Queimado, que tem o objetivo de formar cirurgião plástico especializado no atendimento inicial, tratamento cirúrgico da fase aguda, assistência intensiva ao grande queimado, acompanhamento ambulatorial e tratamento das sequelas. A Unidade de Tratamento de Queimaduras da Escola, coordenada pelo professor Alfredo Gragnani, possui leitos de UTI e centro cirúrgico próprio e está ligada à disciplina de Cirurgia Plástica e ao programa de pós-graduação em Cirurgia Translacional da Unifesp e ao curso de mestrado em Ciência, Tecnologia e Gestão Aplicadas à Regeneração Tecidual, permitindo o desenvolvimento de pesquisa na unidade.
A residência de Cirurgia Plástica da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais oferece seis meses dentro da unidade de queimados, por todos os setores. Conforme a presidente da regional da SBQ, Marilene Massoli, no Hospital João XXIII existe uma residência multiprofissional em trauma. “É uma residência oficial do MEC, com formação para todas as áreas”, conta.
No Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, o médico Marcos Vinicius Barroso, chefe da Unidade, também aguarda aprovação do Ministério da Educação para oferecer treinamento em queimaduras aos profissionais. A Sociedade de Cirurgia Plástica (SBCP) exige treinamento na área dos residentes de Cirurgia Plástica, de alguns meses.
O presidente da SBQ, José Adorno, destaca que o profissional que trabalha em centros de tratamento de queimados aprende, em sua maioria, em treinamento em serviço, ou seja, no dia-a-dia. Para ele, faltam cursos de capacitação. “A ideia é formar uma política de educação continuada para que o profissional tenha sempre interesse em trabalhar em CTQ. Vale ressaltar, também, que quem trabalha com queimados acaba desenvolvendo diversas atribuições e habilidades dentro da área: auxilia no tratamento de paciente crítico, emergências, reconstruções, reabilitação, atendimento, humanitário e muito mais”, comenta.
Ainda, José Adorno considera a equipe multiprofissional que trabalha com queimaduras tem grande habilidade em atuação multiprofissional e em situações de grande desafio na área de saúde de forma ampla.
CNNAQ - O Curso Nacional de Normatização de Atendimento ao Queimado (CNNAQ) é organizado pela Sociedade Brasileira de Queimaduras para oferecer conhecimento e normas aos que prestam o primeiro atendimento a qualquer pessoa com queimaduras, proporcionando uniformidade nas condutas, essencialmente nas primeiras 24h.
O curso acontece por demanda das regionais da SBQ, serviço ou região que necessita unificar e melhorar seus índices de atendimento e redução de sequelas. Oficialmente, acontece, também, junto com o Congresso Brasileiro de Queimaduras ou com a Jornada Brasileira de Queimaduras.
O curso é constituído de 10 módulos teóricos e um prático, ministrados durante um dia, por instrutores capacitados pela SBQ. Na finalização do CNNAQ é realizada uma avaliação, com certificação em caso de aprovação. Em 2019, a SBQ iniciou um módulo avançado, abordando aspectos pós 48h de trauma, sendo possível realizar, na sequência do CNNAQ, tornando a experiência mais completa.