YD comunicação - 25/08/2023
Dor, sequelas, cicatrizes. É preciso tratar o paciente em seu contexto geral
Lidar com a dor, seja ela física ou emocional, é algo que as vítimas de queimaduras precisam aprender. E fazer isso sozinho é praticamente inviável. Por isso, a atuação de psicólogos é de suma importância.
Um artigo publicado na Revista Brasileira de Queimaduras há 10 anos já defendia que o psicólogo muito pode ajudar, acompanhar, apoiar o paciente em sua hospitalização, em momentos e processos difíceis, como o reconhecimento de uma disfunção, sequela ou perda.
O texto, assinado pelos profissionais Marcelo Alves Guimarães, Flávia Bússolo da Silva e Alessandra Arrais, intitulado “A atuação do psicólogo junto a pacientes na Unidade de Tratamento de Queimados”, ressalta que a dor pode “modificar comportamentos, humores e até traços de personalidade, gerando agressividade, depressão, apatias, desejo de morte, podendo, ainda, ocasionar doenças psicopatológicas”.
Além disso, as cicatrizes tornam-se outro fator de mudança psicológica. Quando o paciente sai do CTQ, o suporte psicológico na fase de reabilitação é importante para a reinserção social. O paciente terá de lidar com sua nova imagem corporal e ser exposto aos olhares da sociedade.
“A questão das cicatrizes é um processo denso, intenso e profundo. Na verdade, as marcas não são só corporais, são relatos de situações do histórico de vida do paciente. É necessário que trabalhe desde o primeiro instante. Ele vai ter que lidar com as cicatrizes quer reais, imaginárias ou simbólicas”, ressalta a psicóloga hospitalar Sandra Almeida, membro da Sociedade Brasileira de Queimaduras. “Não se trata queimaduras, se trata o sujeito com queimaduras e, nesse aspecto, a saúde mental, a psicologia, tem muito a contribuir, além de toda a equipe multiprofissional”, complementa.
Voluntariado – Na Associação Maranhense de Apoio a Sobrevivente de Queimaduras (Amasq), uma organização sem fins lucrativos do Maranhão, o atendimento de psicologia é gratuito a quem procura a instituição.
“O suporte psicológico é essencial diante da grande dificuldade de aceitação e elaboração da autoimagem, agora danificada, seja por seu aspecto estético dilacerante e definitivo ou por sequelas e preconceitos sociais vivenciados e gerados pelo próprio paciente. Muitas vezes, é necessário esse suporte para atribuir um novo significado à vida”, observa a psicóloga voluntária da Amasq, Brenda Stefany de Sousa Barroso.
Ela destaca que é fundamental esse suporte, pois o sobrevivente e seus familiares passam por um momento de ressignificar a nova realidade e as limitações que as queimaduras deixam, precisando de suporte e de ser acolhido para lidar com as demandas que as queimaduras causam. “Favorece, dentre outros benefícios, a continuidade da adesão do paciente aos tratamentos e às intervenções médicas, tendo resultado direto na qualidade e no avanço da recuperação”, diz.
Dia do psicólogo - A psicologia chegou ao Brasil no início do século XX. No entanto, foi regulamentada como profissão a partir da publicação da Lei nº 4.119, em 27 de agosto de 1962, pelo presidente João Goulart.
O Dia Nacional da(o) Psicóloga(o) integra o calendário oficial de comemorações e refere-se à data de publicação da Lei 4.119/1962, que regulamentou a psicologia brasileira. O dia foi oficialmente instituído em 2016, por meio da Lei 13.407, e prestigia a atuação de mais de 440 mil psicólogas e psicólogos em todo o país.