- 19/11/2024
Além dos atendimentos, eles ofereceram capacitação e levaram protocolo do Hospital João XXII (MG) para servir de exemplo
Transformar vidas. Foi com este propósito que o cirurgião plástico Leandro Gontijo se uniu a outros profissionais de saúde para anteder crianças vítimas de queimaduras em Angola, país onde a população infantil corresponde a 60% dos casos atendidos no hospital vítimas desse agravo. O médico é formado pelo centro de referência em queimaduras do Hospital João XXIII, em Minas Gerais.
“A ideia surgiu quando nos voluntariamos como profissionais de saúde no projeto “Criança Feliz Angola”, em 2020, poucos dias antes do início da pandemia. Nos apaixonamos pelo país e percebemos a necessidade urgente de um manejo adequado para crianças queimadas, pois não havia nenhum cirurgião capacitado para tal”, relembra.
Com as ações, eles já atenderam 50 crianças vítimas de queimaduras, a maioria por acidentes domésticos com fogareiros. A médica Marcela Salles, que foi residente também no João XXIII, foi uma das voluntárias no projeto.
“Eu vi a oportunidade em um projeto que já existia para usar o meu conhecimento e ajudar quem não tem acesso a esse tipo de tratamento. Atender em Angola foi muito especial. As pessoas são muito humildes, mas muito fortes e resilientes. A equipe de lá nos recebeu muito bem também. O hospital, o corpo clínico, os funcionários, os pacientes”, lembra.
Além do atendimento, os profissionais ofereceram treinamento a equipes de saúde local e levaram para o país o protocolo de atendimento ao queimado do Hospital João XXIII para servir de modelo na região.
“Nosso principal papel é capacitar profissionais de saúde locais para a realização dos procedimentos cirúrgicos e clínicos da melhor forma possível, dentro dos recursos que possuem. Na nossa última missão, fizemos diversos treinamentos na área da saúde, incluindo a implantação de protocolos de tratamento para lesões de pele”, conta Leandro Gontijo.
Conforme destaca Marcela, o tratamento de queimadura em Angola é quase inexistente, tanto porque não há serviço especializado quanto porque os pacientes demoram a buscar atendimento. “Normalmente, vão a um curandeiro e quando buscam ajuda médica, já estão com sequelas. Tem muita contratura de braço com redução de amplitude de movimento das mãos, da face, acometimento de pálpebras”, enumera a médica.
Todas essas ações de atendimento e capacitação fazem parte do projeto da ONG Kids Salvation, criada por Leandro Gontijo. Além dos atendimentos em queimaduras, os profissionais voluntários fazem cirurgias para as quais não há especialistas capacitados na região, como de tumores de cabeça e pescoço, de amigdalas e adenoides, dermatológicas, além de atendimentos clínicos tanto no hospital quanto na comunidade.
Até o momento, apenas Angola é atendido pela ONG, mas Leandro conta que já receberam convites para ir à Moçambique. “Lidar com a realidade de tantas pessoas que precisam de suporte de saúde especializado, sem conseguir atender a todos é a maior dificuldade. Mas acreditamos que, com a capacitação dos profissionais de saúde locais, essa realidade pode mudar”, diz, esperançoso.
A ONG precisa de suporte financeiro para financiar a missão e levar suprimentos médicos que faltam nos locais de atendimento. As doações podem ser feitas pelo site da ONG.