YD Comunicação - 09/12/2020
A intervenção precoce tem como objetivo reduzir as complicações decorrentes das lesões
Hoje, 9 de dezembro, é comemorado o Dia do Fonoaudiólogo. Esse profissional tem a missão da prevenção, avaliação e terapia das alterações da linguagem. Em sua formação, recebe conhecimentos de diversas áreas para que possa compreender as patologias possíveis. Na área de queimaduras, o conhecimento deve ser ainda mais abrangente.
As cicatrizes de uma queimadura estão sujeitas a evoluções que podem comprometer o funcionamento dos músculos e órgãos da face e do pescoço. Então, o fonoaudiólogo entra em ação. Com o tratamento iniciado, pode-se observar melhora na aparência das cicatrizes, no entanto, esse não é o foco principal da intervenção fonoaudiologia.
“As lesões nessa região podem evoluir num processo de retração cicatricial ou hipertrofia, que provocam alterações nas expressões faciais, alterações no vedamento labial, na produção da fala, comprometimentos no processo de alimentação, dificuldades para intubação, prejuízo na higiene oral, alterações vocais e modificações musculoesqueléticas. Além de distorção da autoimagem e impacto psicossocial”, explica a fonoaudióloga, membro da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Maria Barrem.
Dessa forma, vale esclarecer que o trabalho desse profissional começa já na internação. No Centro de Tratamento de Queimaduras (CTQs), por exemplo, o especialista irá compor a equipe multiprofissional, realizando um trabalho interdisciplinar, articulando com outras áreas, proporcionando ao paciente queimado um cuidado integralizado.
Assim, conforme Maria Barrem, a intervenção precoce e preventiva terá como objetivo reduzir as complicações decorrentes das lesões. “O fonoaudiólogo avaliará a mobilidade e as funções para, então, propor um plano terapêutico com realização de exercícios, manobras de alongamento e manipulações digitais, além de orientações ao paciente e familiares, visando favorecer reabilitação, melhorando o desempenho das funções a partir das limitações apresentadas”, destaca.
Número ainda é escasso – Apesar do seu papel primordial no tratamento de um paciente queimado, não existem dados oficiais e atualizados sobre a inserção dos fonoaudiólogos nos CTQs do Brasil. Contudo, considerando a atuação desse especialista em hospitais gerais, sabe-se que o número ainda não contempla todos os serviços e estima-se que a presença desse profissional em centro especializado ainda é mais escassa.
Desde o ano 2000, a Portaria nº 1.273, do Ministério da Saúde, regulamenta os critérios para atendimento do paciente queimado e o fonoaudiólogo não compõe a equipe mínima. Por isso, segundo Maria Barrem, as ações políticas e vinculadas aos conselhos e organizações, como a Sociedade Brasileira de Queimaduras, são necessárias para mudança desse cenário.