- 24/06/2024
A tradicional festa vai até agosto em alguns estados. É preciso cuidado para não fazer a festa virar uma emergência médica
Hoje, 24 de junho, é dia de São João, o santo que dá nome aos festejos que começam no início do mês e, em muitas regiões do Brasil, estendem-se até agosto. A tradição inclui comidas típicas como canjica e quentão, fogueira e fogos de artifício. Tudo isso é uma delícia, mas é preciso cuidado para não transformar momentos festivos em situações de emergência.
O médico Marcos Barreto destaca que os riscos de queimadura começam já na preparação dos festejos, quando as famílias se juntam na cozinha para o preparo dos alimentos. “É tradição no Nordeste se reunir na casa de um parente para o preparo e a cozinha fica cheia de gente circulando com os panelões; as crianças acabam esbarrando nelas e se queimando. Então, não deixem crianças circulando na cozinha”, recomenda.
As fogueiras, elemento essencial das festas juninas, representam também um perigo iminente, especialmente em ambientes onde há aglomeração de pessoas. Crianças e adultos, muitas vezes, ficam próximos demais das chamas, aumentando o risco de queimaduras de primeiro, segundo e até terceiro grau. “O acendimento da fogueira deve ser feito por um adulto. O ideal é que ela não tenha mais de um metro de altura, para não espalhar brasas quando cair, e começar o fogo pelo centro, não nas laterais”, orienta Barreto.
Os fogos de artifício são outro componente das celebrações juninas. No entanto, seu manuseio inadequado pode resultar em queimaduras graves. Muitos deles disponíveis comercialmente não possuem qualidade e segurança garantidas e o uso por pessoas sem experiência amplifica os riscos. Queimaduras nas mãos, rosto e olhos são comuns, além de possíveis lesões auditivas. “Ano passado tivemos mais de 50 casos de queimaduras e algumas mutilações por conta dos fogos de artifício. É importante ler as instruções na caixa e não permitir que crianças brinquem com eles”, completa o membro da SBQ.
Primeiros socorros - Em caso de acidentes, o médico Victor Felzemburgh, coordenador de ligas acadêmicas da SBQ, orienta que a principal recomendação é procurar uma emergência especializada para o primeiro atendimento e destaca que alguns mitos de tratamentos caseiros pós-queimaduras podem atrapalhar ou até mesmo piorar o quadro de saúde.
“As receitas caseiras devem ser evitadas, como manteiga e pasta de dente; esses itens podem prejudicar na hora do atendimento e até mesmo aumentar a lesão. O recomendado é colocar a parte queimada em água corrente por 10 minutos, em temperatura ambiente, e procurar o atendimento hospitalar”, explica.
Dados - Segundo o Ministério da Saúde, foram registrados, de janeiro a março de 2024, 4.809 internações por queimaduras no Brasil. Com relação ao número de óbitos, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), foram registrados, em 2023, 261 óbitos por queima de fogos de artifício; exposição à fumaça, ao fogo e às chamas; e contato com uma fonte de calor ou com substâncias quentes, sendo esses dados preliminares. Em 2022 foram 1.043 mortes pelas mesmas causas e em 2021 foram registrados 1.046 óbitos.