Lyd Comunicação - 09/05/2024
Apesar de incidência baixa, acidentes podem ocorrer durante a gestação e pedem atenção multidisciplinar
A gestação é um período delicado da vida da mulher, que exige acompanhamento médico em razão das mudanças naturais que ocorrem no corpo. É uma fase em que o cuidado deve ser redobrado, e isso vale ainda mais quando envolve risco de queimaduras. Estima-se que a incidência desse tipo de acidente em gestantes varia de 3% a 7%.
A queimadura durante a gestação afeta o bebê de forma indireta. Com dor intensa, a grávida apresenta alterações metabólicas, que podem, em alguns casos, provocar um trabalho de parto prematuro. O tratamento pós-acidente também exige cautela.
“Os principais riscos estão relacionados às medicações analgésicas e anestésicas e à necessidade de cirurgias”, destaca a médica Maria Carolina Coutinho, presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras regional São Paulo. Ela destaca que, quando uma gestante se queima, ela é acompanhada de perto pela equipe de obstetrícia durante todo seu tratamento da queimadura, juntamente com a equipe do centro de queimados, o que possibilita diminuir os riscos para o feto.
O tratamento de queimadura em gestante é diferente, também, porque existe condição cardiocirculatória e pulmonar totalmente diferente. O volume corrente pulmonar diminui, a capacidade respiratória total está diminuída.
Para quem quiser saber mais detalhes sobre queimaduras em gestantes, uma edição do SIG Queimaduras do ano passado abordou o assunto, com a participação do obstetra e professor Carlos Alberto Politano e pela atual vice-presidente da SBQ, Kelly Danielle Araujo. A gravação está disponível neste link.
Gravidez pós-queimaduras – E quando a mulher já foi vítima de queimaduras e acaba por engravidar, será que há problemas nisso? A insegurança bateu assim na técnica de enfermagem Sabrinne Sousa, hoje mamãe de uma bebê de 10 meses.
“Meu receio não era nem tanto pela barriga, mas pelos seios. Perdi o mamilo de uma das mamas na queimadura e achei que não poderia amamentar. Mas orei muito a Deus e consigo amamentar minha filha até hoje, mesmo que em um seio só”, conta.
Segundo a médica Maria Carolina, a gravidez deve ser evitada somente durante o tratamento da fase aguda, pois muitas das medicações que são utilizadas como analgésicos e antibióticos são contraindicadas na gestação. “Na fase tardia, ou seja, durante o tratamento das cicatrizes, não há contra indicação. A única questão é que alguns tratamentos cosmiátricos (para melhor da cicatriz) como lasers, por exemplo, não devem ser feitos em gestantes”, diz Maria Carolina Coutinho.
Para as mulheres que têm sequelas na barriga e nos seios, o cuidado com a hidratação deve ser redobrado. “Deve-se usar cremes indicados pela equipe, pois a pele de enxertos e de cicatrizes é menos elástica que a pele normal, e o “esticamento” pode causar feridas”, observa.
Mas Maria Carolina destaca uma vantagem: a gestação pode ser de grande ajuda, pois o “esticamento” da pele funciona como se fosse um expansor de tecidos, e a sobra de pele após o nascimento do bebê pode ser usada para reduzir as cicatrizes da região.