- 12/06/2020
Mesmo em tempo de pandemia, o alerta precisa ser feito
Neste ano não terão as tradicionais festas juninas em razão da pandemia de coronavírus. Ainda assim, muitas famílias estão mantendo o costume e fazendo pequenas comemorações em casa. O alerta, no entanto, deve ser para as fogueiras, fogos de artifício e bombinhas, muito comuns neste período, que aumentam o risco de acidentes com queimaduras.
Normalmente, conforme os especialistas, os atendimentos de queimados tendem a aumentar nesta época. De acordo com o chefe do setor de queimados do Hospital da Restauração de Pernambuco e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Marcos Barretto, são realizados, por mês, em média, seis atendimentos de queimaduras por fogos durante o ano, mas em época de festa junina, o número aumenta muito.
“Aqui no Nordeste, este número chega a 60 atendimentos no mês, devido aos fogos e acendimento de fogueiras. É um número muito alto. Em 2019 foram 59 casos, sendo 31 crianças, com perda parcial das mãos de duas crianças, por exemplo”, explica Marcos Barretto.
Neste período, ainda conforme o médico, os centros de tratamento de queimaduras ficam muito cheios, pois, além desse aumento, os demais casos de queimaduras continuam. “É muito comum as crianças brincarem com fogos de artifício sem supervisão de adulto habilitado. Em segundo lugar, aparecem as pessoas que estão alcoolizadas e vão acender fogueiras, acabando por cair nelas ou vão acender com combustível e ocorrem explosões. O público é o mais variado, mas as crianças são vítimas comuns, infelizmente”, destaca.
O médico acredita que, apesar da pandemia, as pessoas irão comemorar mesmo assim. “Aqui no Nordeste é muito comum as pessoas irem para o interior e fazerem festas em suas casas. Neste ano não será diferente, é uma festa tradicional e as pessoas não vão deixar passar. E no interior não tem fiscalização. Por isso, estamos trabalhando com prevenção, para evitar que esses acidentes aconteçam”, ressalta Marcos Barreto.
Rio Grande do Norte proíbe fogos - O Governo do Rio Grande do Norte decretou, em 4 de junho deste ano, a “proibição de realizar de quaisquer atos que configurem festejos juninos, incluindo o acendimento de fogueiras e fogos de artifício, de modo a diminuir a ocorrência de queimaduras e de síndromes respiratórias nos serviços de saúde públicos e privados”.
Segundo o chefe do CTQ do Hospital Walfredo Gurgel (RN) e secretário-geral da SBQ, Marco Almeida, a medida vai ajudar bastante, pois todo mês de junho, no Nordeste, alguns acidentes com queimaduras chegam a aumentar mil por cento. “É tanto acidente, é tanta sequela, imaginem oferecer um ar totalmente poluído pelas fumaças de fogos e fogueiras para uma população que está vivenciando uma doença que atinge pulmões e vias áreas... Pedimos o mínimo de consciência”, diz Marco Almeida.
Alguns alertas são feitos por Marco Almeida: “Jamais pule fogueira, mantenha sempre distância para não ter perigo das fagulhas e faíscas caírem na sua roupa. Ainda, não faça um fogo que não pode apagar, evite locais onde uma fogueira pode começar um incêndio. Tome cuidado com a direção do vento, o fogo pode ir para cima de você. Por fim, nunca acenda fogueiras usando álcool. Use acendedor próprio e nunca deixe produtos inflamáveis próximos das fogueiras”, ensina.
Outras dicas:
-Nunca faça fogueira alta, pois, com a queima, ela desmorona, podendo atingir pessoas próximas;
-Nunca faça fogueiras abaixo de linhas elétricas e nem de árvores;
-Lembre-se sempre de apagar o braseiro, pois muitas crianças e pessoas alcoolizadas se queimam na manhã seguinte ao pisar sobre os restos ainda aquecidos;
-Lembrem sempre que devemos evitar o livre acesso das crianças à cozinha, pois, enquanto os adultos estão na rua/pátio distraídos, as crianças podem sofrer acidentes dentro de casa.