- 04/09/2020
Maria Carolina Coutinho é presidente regional da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) em São Paulo e é a convidada desta edição da coluna quinzenal Fala, Presidente!.
A cirurgiã plástica trabalha com pacientes queimados desde 2008, mesmo ano em que se filiou à SBQ. A médica lembra que estava no quarto ano de Medicina quando assistiu a uma aula sobre queimaduras e participou de um congresso de trauma, que fizeram com que se interessasse pelo atendimento aos queimados. “Nesse momento, decidi que queria cuidar desses pacientes. A decisão de fazer cirurgia plástica veio do meu amor instantâneo pelo cuidado com os queimados”, explicou.
Há quanto tempo trabalha com pacientes queimados?
Desde meu R5 na residência de cirurgia plástica, ano de 2008.
Como foi direcionada para essa área?
Quando eu estava no quarto ano do curso de Medicina, assisti a uma aula sobre queimaduras com aquele que hoje é meu chefe no CTQ. No mesmo ano, assisti a um congresso de trauma e me interessei pela mesa de atendimento aos queimados. Nesse momento, decidi que queria cuidar desses pacientes.
A decisão de fazer cirurgia plástica veio do meu amor instantâneo pelo cuidado com os queimados. No ano seguinte, fiz um estágio voluntário em uma Unidade de Tratamento de Queimaduras por 15 dias, durante minhas férias, e a decisão foi reforçada.
Há quanto tempo está na SBQ? Como é a sua direção na regional de SP?
Estou na SBQ desde 2008, logo antes de acabar minha residência em cirurgia plástica. Na regional São Paulo, procuramos integrar os coordenadores de todos os CTQs do estado e promover uma ajuda mútua. Principalmente na pandemia causada pela Covid-19, isso tem sido fundamental para ajudar nas transferências e cuidado aos pacientes vítimas de queimaduras. Além disso, durante a minha gestão, fizemos a Jornada em São Paulo, que foi um sucesso de público, em parceria com a nacional. Foi adicionado o modelo de workshop, com muitos temas interessantes, para as diversas especialidades que cuidam dos queimados.
Quais conquistas da SBQ/SP gostaria de ressaltar?
Nossa principal bandeira nessa gestão tem sido com campanhas de prevenção de queimaduras ao acender churrasqueiras, uma causa muito comum em nosso estado, sem sazonalidade. Além disso, contamos com o apoio do Maurício de Souza, que fez um gibi com a Turma da Mônica ensinando as crianças a se prevenirem de acidentes domésticos. O gibi foi doado à regional SP e já foram feitas muitas tiragens e campanhas ao longo dos anos.
Que desafios SP enfrenta no tratamento e prevenção de queimadura?
São Paulo enfrenta a mesma dificuldade há longos anos, pois existem municípios que não têm atendimento especializado, obrigando aos pacientes a viajar, o que dificulta o seguimento pós alta hospitalar. Além disso, apesar de ser o estado com maior número de vagas, não atende a quantidade de pacientes que necessitam de leitos hospitalares especializados, principalmente de pacientes pediátricos.
Durante a pandemia, a situação piorou muito, pois dois dos hospitais de grande porte da cidade de SP transformaram seus CTQs em unidades de Covid, reduzindo ainda mais a oferta de leitos. Muito pacientes da cidade de SP têm sido transferidos para o interior e há fila de solicitações de vagas em todas as unidades especializadas. O atendimento aos queimados foi deixado de lado durante a pandemia e tem sido muito difícil manejar os pacientes. O grupo dos coordenadores dos CTQs do estado tem ajudado na distribuição de leitos e insumos. São médicos muito comprometidos que fazem o impossível para dar o melhor atendimento às vítimas de queimaduras.