YD Comunicação - 09/04/2021
Presidindo o biênio 2021/2022 da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) regional Rio Grande do Sul (RS), o cirurgião plástico Eduardo Mainieri Chem diz que tem como prioridade, em sua gestão, acelerar o processo de regulamentação da membrana aminiótica no tratamento das queimaduras.
A liberação está em fase final de consideração pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como terapia clínica válida e encaminhamento de parecer, já proferido favorável por aquela autarquia, para o Ministério da Saúde encaminhar incorporação tecnológica no rol de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, o médico é diretor do banco de pele da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Chem também foi presidente regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em 2016/2017.
Como iniciou o atendimento a pacientes queimados?
Comecei trabalhando junto com o meu pai, Roberto Chem, que foi cirurgião plástico, chefe de serviço de cirurgia plástica da Santa Casa e trabalhou no pronto-socorro. Posteriormente, eu trabalhava no Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre e era o responsável pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de queimados como cirurgião, assim com outros colegas, sendo responsável pela parte clínica.
O que o motivou a entrar na diretoria da SBQ?
É a primeira vez que estou na direção como presidente. Fui convidado e gostei muito da indicação, de lembrarem do meu nome. O que me motivou a entrar foi o conhecimento dos colegas que já trabalho há muito tempo. Dirijo o banco de tecidos de pele de Porto Alegre da Santa Casa há 12 anos e todo esse envolvimento com pacientes queimados fez com que eu tivesse cada vez maior interesse em entrar nesse tão seleto grupo.
O que pretende fazer pelo seu estado enquanto presidente da SBQ regional?
Em reuniões praticamente semanais com a diretoria nacional da SBQ, com os outros bancos de tecidos, com o Sistema Nacional de Transplante (SNT), com o CFM e com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tentamos fazer com que o nosso grande projeto, o uso da membrana aminiótica, seja regulamentado no nosso país. A membrana aminiótica é o envoltório da placenta que depois que a criança nasce é desprezado, na grande maioria das vezes. Ela tem propriedade muito semelhante à pele, e uma vez que a gente tem praticamente escassez de pele nos nossos bancos para fornecer para transplante, a membrana é uma solução.
Ela é usada no mundo inteiro, como Estados Unidos, União Europeia e em outros países aqui da América do Sul. A membrana não só pode ser usada como cobertura de grandes queimados, mas também para uma queimadura química ocular; para reconstrução de meningo mieloceli, na neurocirurgia; reconstrução por má formação por genitais, na cirurgia geral pediatria, enfim, em inúmeras outras áreas. Infelizmente, não temos a autorização no nosso país.
Há oito anos, quando ocorreu a tragédia da boate Kiss aqui no nosso estado, em Santa Maria, com 242 óbitos e 690 pacientes feridos, recebemos muita pele e membrana de outros países, estocamos nos nossos bancos e, assim, pudemos utilizar. Tivemos o início do nosso aprendizado com a utilização da mesma.
Atualmente, já temos alguns trabalhos em andamento que nos permitem, de maneira experimental, fazer a captação das membranas nas maternidades, a limpeza, todo o protocolo de esterilização, o estoque e posteriormente nós a descartamos. Mas, estamos em uma fase bem avançada e estamos tentado fazer com que sua liberação aconteça o mais precocemente possível.
Esse é o nosso maior objetivo que temos pela frente. Além de suprir a demanda nacional com banco de tecidos dos pacientes grandes queimados.