YD comunicação - 16/08/2023
Influenciadora digital sofreu acidente com óleo quente há cinco anos e vídeo de alerta a projetou nas redes sociais
Imagina acordar com alguém gritando “fogo” e, de repente, se ver em chamas e, mesmo assim, ainda conseguir pedir um carro de aplicativo e chegar ao hospital a tempo de ter a vida salva! Em resumo, foi isso que aconteceu, há cinco anos, com a influencer digital e estudante de nutrição Adriana Lua, 25, que teve 40% do corpo queimado.
De lá para cá, foram pelo menos nove cirurgias e muito esforço pessoal para lidar bem com as cicatrizes que ficaram nos braços, próximo ao pescoço e dos seios.
Tudo aconteceu quando Adriana tinha 19 anos. Ela dormiu e um colega que estava em casa com ela esqueceu um óleo esquentando no fogão. “Acordei com ele gritando. Ele abriu a janela da cozinha e o vento soprou o fogo em direção ao encanamento de gás. Assustada, peguei a panela e coloquei embaixo da torneira ligada. Lembro que só vi tudo laranja e senti um calor”, relembra.
A atitude desesperada foi um erro. Segundo a médica e vice-diretora da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Kelly Danielle de Araújo, colocar a panela com óleo quente na água é um perigo. “Tem que desligar o fogo e tampar a panela com uma tampa ou com pano úmido, sem que pingue água”, destaca.
Os passos seguintes de Adriana, porém, garantiram sua vida. “Eu consegui lembrar que precisava rolar no chão e tirar a roupa para não grudar e foi o que fiz. A adrenalina não deixou eu sentir dor até chegar na porta da emergência. Mas lá, senti a dor que eu achei que seria a pior de toda a minha vida. Mas depois eu vi que não era, que ainda ia doer mais”, conta a influencer.
De acordo com Kelly Araújo, ela também deveria ter molhado as queimaduras em água corrente para cessar o processo de queima. “Isso vale para todos os tipos de queimadura, salvo raras exceções de queimaduras químicas por pó, em que se deve espanar antes de colocar na água”, ressalta.
A DOR – “Eu só me lembro de muita dor e desespero. Eu só queria que aquilo parasse. Fiquei dois meses internada, fiz nove cirurgias, tive três infecções e numa dessas, ainda tive uma crise alérgica forte por causa de antibiótico. Foi um período difícil”, relembra Adriana Lua.
Depois da alta, o tratamento ainda continuou com fisioterapia dermatofuncional, uso de malha compressiva, atividade física, aplicações de corticoide e fugindo do sol. “Eu me sentia como se eu vivesse presa dentro de uma camisa de força feita de mim mesma. Mas o tratamento foi melhorando a elasticidade e a mobilidade”, conta.
PSICOLÓGICO – Aos 19 anos, Adriana diz que era a melhor fase da vida dela. “Quando me queimei, foi um choque. Queimadura nunca é uma coisa positiva”, diz e completa: “mas pensei: cara, não vou me apegar a isso, vou aceitar minha nova realidade e aprender a lidar com isso. Não tenho outra opção”, relembra.
Adriana conta que todos os dias se olhava no espelho e falava: essa sou eu agora! “Nas primeiras vezes eu chorava, era muito difícil internalizar isso. Mas com o passar dos dias foi ficando mais fácil”, conta ela, que sempre pediu para acompanhar de perto o tratamento.
“Hoje sou feita de retalhos de mim mesma. Comecei a procurar beleza onde muita gente achava que não tinha. A cicatrização é arte abstrata, cresce de forma desordenada, tentava ver beleza nisso. Das células se reconstruindo para eu sobreviver”, fala.
Antes do acidente, Adriana Lua tinha cerca de 40 mil seguidores. Quando se queimou, passou a postar o dia a dia do tratamento e fez um vídeo para o Youtube contando sobre o acidente. “O vídeo bateu 10 milhões de visualizações e ganhei visibilidade”, relembra ela, que hoje tem mais de 300 mil seguidores no Instagram e usa a conta para fazer alertas sobre queimaduras.
Hoje, porém, o foco dela não é a prevenção, nem mesmo o acidente que sofreu, mas tudo isso tem influência direta no conteúdo que ela compartilha. “Antes, minha postura era superficial. Depois do acidente, acordei para o que realmente importa”.
Ela conta que, ao longo dos anos, tem observado o impacto positivo disso na vida das pessoas. “Tenho relato de gente que evitou acidentes como o meu só porque viu meus vídeos. E gosto que as pessoas se inspirem na minha história”, finaliza.