- 27/11/2024
Ela, inclusive, criou material de alerta que compartilha com colegas e nas redes sociais
Uma bonequinha. É assim que a arquiteta e urbanista Maísa Almeida, 25 anos, diz se sentir em razão da malha de compressão que precisa usar em toda a extensão dos braços devido às queimaduras que sofreu após um acidente em setembro de 2023. E é assim, com leveza, que ela tem carregado o tratamento, se apegando no amor e apoio da família.
O acidente com Maísa ocorreu em Sete Lagoas (MG) e foi, inclusive, notícia nos principais jornais do país. Doze pessoas ficaram feridas e ela estava entre os pacientes mais graves, com 37% do corpo queimado, afetando braços, tórax, posterior e frontal, além das vias aéreas.
Maísa foi para o hospital de carona, fez o cadastro na entrada do hospital e, depois disso, a única coisa da qual se lembra foi de um profissional de saúde informar que ela ‘tomaria uma picadinha para dormir’. “Só retomei a consciência três meses depois, na véspera do Natal”, lembra ela, dizendo que até hoje tem trauma de anestesia.
Foram 20 dias na UTI, sendo que no 15º dia Maísa teve uma parada cardíaca de quatro minutos. “Eu tive parada dos rins, precisei fazer hemodiálise durante algum tempo. Eu tive hemorragia intestinal, precisei de doação de sangue e fui para os blocos cirúrgicos várias vezes”, relembra.
Por ter ficado muito tempo acamada, teve lesões de compressão na cabeça e no pé. “Tiveram de raspar a parte de trás do meu cabelo e a franja e isso mexeu um pouco com minha autoestima. Depois, o cabelo caiu muito e acabei cortando”, diz.
Ainda hoje, Maísa faz acompanhamento em hospital especializado em Belo Horizonte para tratar cicatrizes. Em outubro, passou por uma cirurgia porque a mão direita ainda apresenta rigidez. “Eu me tornei ambidestra, pois continuo trabalhando, fazendo projetos no computador”, frisa.
Ela destaca que o processo de tratamento das queimaduras é difícil, ter de se olhar no espelho e se ver forte. “Mas você precisa se apegar ao que tem. Quando desanimar, pensa que tem de fazer por alguém. Faço pela minha mãe que está aqui, pelo meu noivo que esteve comigo nos dias mais difíceis, pela minha sobrinha”, elenca.
Ela também ressaltou o papel do Sistema Único de Saúde. “O SUS salva vidas. Ele tem, sim, as suas falhas, suas deficiências, mas é um mecanismo de extrema importância, todo o meu tratamento é de internação, o que foi feito é pelo SUS, eu ainda faço muitos acompanhamentos pelo SUS. Então, ele é de extrema importância”, enaltece.
Alerta
O local do acidente de Maísa era uma casa de candomblé. O local tinha enfeites de papel crepom no teto, presos com barbante. “Foi tudo muito rápido, parece que teve uma faísca na luz e tudo pegou fogo. Eu fui calmamente para a porta e uma dessas fitas em chama caiu justamente em cima de mim”, lembra.
Ela conta que o acidente foi um choque ainda mais por ela ser arquiteta. “Eu trabalhei com projetos de incêndio. Então, você vê um enfeite e acha lindo, mas precisa levar em consideração os riscos”, destaca ela, que diz ter ficado mais atenta com relação a isso e está sempre preocupada, principalmente em festas como a de São João.
A preocupação é tanta que ela desenvolveu uma cartilha que tem divulgado em suas redes sociais e entre colegas, informando sobre riscos envolvendo instalações elétricas, circulação, decoração e itens necessários para segurança, como a aprovação do projeto pelo Corpo de Bombeiros.
“Não basta ser decoração bonita, precisa ser segura. Sempre que vejo, até no Instagram, uma decoração, por exemplo, de tecido no teto, já mando mensagem para tomarem cuidado”, alerta.