CFM - 22/07/2025
Fonte: CFM
Na última sexta-feira (18/07), o Conselho Federal de Medicina (CFM) sediou, em Brasília (DF), uma reunião estratégica com a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) para avaliar a situação do atendimento a pessoas queimadas no País e delinear medidas conjuntas de prevenção e melhoria na assistência.
O encontro contou com a presença do 1º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti, da presidente da SBQ, Kelly Danielle de Araújo, e do representante interinstitucional nacional da SBQ, José Adorno. Durante a reunião, foram apresentados dados preocupantes sobre a alta incidência de queimaduras no Brasil e as lacunas na estrutura de atendimento aos pacientes.
Cenário atual – Entre 2010 e 2019, cerca de 1,2 milhão de pessoas foram hospitalizadas por queimaduras, das quais 209 mil eram menores de 14 anos (17,4%). Nesse período, foram registradas 2.800 mortes de crianças nessa faixa etária. Estima-se que, no Brasil, ocorram 1 milhão de novos casos de queimaduras por ano.
Dados do período de 2015 a 2020 apontam mais de 9 mil óbitos causados por acidentes com eletricidade, sendo a faixa etária de 20 a 59 anos a mais afetada.
A pesquisa nacional da SBQ (2021) revelou fragilidades na rede de atenção ao queimado, como protocolos não padronizados para o primeiro atendimento, falta de um banco de dados específico — como o Global Burn Registry (GBR), da Organização Mundial da Saúde — e uma distribuição heterogênea dos serviços especializados, que deixa diversas regiões do país desassistidas.
Principais desafios – Segundo os especialistas, o Brasil não possui uma linha de cuidado estruturada para o atendimento ao queimado, o que leva a situações de desassistência mesmo em áreas economicamente desenvolvidas. Entre os principais problemas estão:
falta de registro e acompanhamento de dados epidemiológicos;
ausência de integração e regulação entre os Centros de Tratamento de Queimados (CTQs);
carência de equipes multiprofissionais estruturadas e renovação insuficiente de recursos humanos;
necessidade de atualização das tabelas de remuneração e inserção de novas tecnologias no tratamento.
“A prevenção é o ponto mais importante. Em seguida, precisamos lidar com as sequelas físicas e psicológicas das vítimas”, destacou Kelly Danielle de Araújo, presidente da SBQ.
Para José Adorno, representante da SBQ, “temos uma política negligenciada de atendimento a queimados. Estamos lutando para implementar uma linha de cuidado com protocolos e diretrizes bem definidos. O primeiro boletim epidemiológico, em 2022, mostrou que quase 50% das mortes foram causadas por energia elétrica. Falta informação consolidada e ações coordenadas”.
Agenda conjunta e Grupo de Trabalho – O CFM reforçou o compromisso de trabalhar de forma conjunta com a SBQ para propor soluções, com foco na prevenção, cuidado agudo, reabilitação e tratamento das sequelas. O 1º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti, anunciou que, devido à relevância do tema para a saúde pública, será reativado o Grupo de Trabalho (GT) do CFM para debater e propor medidas concretas de melhoria no atendimento às vítimas de queimaduras.
“Vamos trabalhar em uma agenda propositiva junto à SBQ, com o objetivo de fortalecer políticas públicas, padronizar protocolos e garantir uma rede mais eficiente e humanizada para esses pacientes”, afirmou Emmanuel Fortes.
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