Em cinco anos, 46,1% dos óbitos por queimaduras foram atribuídos à eletricidade

- 17/10/2024

Quase mil acidentes decorrentes de incêndios de origem elétrica foram registrados em 2023, segundo a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel). O número é quase a metade de todos os acidentes de origem elétrica.

O assunto já desperta a atenção da Sociedade Brasileira de Queimaduras desde o ano passado, quando foi publicado o Boletim Epidemiológico junto ao Ministério de Saúde, apontando que, em cinco anos (2015 a 2020), dentre os quase 20 mil óbitos por queimaduras, 46,1% foram atribuídos à eletricidade.

"A eletricidade costuma ser a terceira causa de internamentos em centros de tratamento de queimaduras, porém é a principal causa de mortalidade no local do acidente. A vítima não consegue nem chegar ao local onde receberá o tratamento adequado", alerta o presidente da SBQ e cirurgião plástico, Marcus Barroso, destacando que estamos vivendo uma epidemia silenciosa de queimaduras elétricas.

Qualquer choque elétrico pode provocar queimaduras, que podem vir de várias formas. “Pode ser de baixa tensão, por meio dos aparelhos domésticos, das tomadas. Mas o fato de ser de baixa tensão não significa que ela não possa ser grave”, explica o cirurgião plástico, José Adorno, também representante interinstitucional nacional da SBQ.

Ele complementa que os choques de alta voltagem são mais graves porque é alta a carga elétrica que passa pelo corpo e causa muitos danos. “A pessoa pode sofrer queimaduras internas no músculo e órgãos e ter apenas uma pequena lesão de entrada”, explica. A principal preocupação é que, mesmo em casos onde a queimadura na pele parece leve, os danos internos podem ser significativos, levando a complicações como insuficiência renal, parada cardíaca e necrose tecidual.

Acidente

O motoboy Renato Nascimento sabe bem as dores desse acidente. Em 2018, ele sofreu queimadura elétrica de alta voltagem nas mãos e nádegas enquanto trabalhava. Acabou perdendo a mão esquerda. “Eu estava segurando uma barra rosqueada ao subir uma escada e tomei uma descarga de 13.8 volts. Foi milagre de Deus eu estar vivo”, relembra. 

Apesar dos profissionais eletricistas trabalharem sob risco, o maior perigo está dentro de casa. Segundo a Abracopel, 51,9% dos acidentes de origem elétrica em 2023 ocorreram em áreas residências, a maioria com condutores elétricos, sem ficar de fora aqueles que envolvem ventilador, ar-condicionado, eletrodomésticos, pontos de tomada e carregadores de aparelhos portáteis. 

“A eletricidade é muito perigosa, tem uma série de riscos e somente quem conhece é que pode trabalhar com ela dentro dos procedimentos corretos, usando os equipamentos individuais e coletivos corretos para que não haja nenhum risco. Quem não conhece do assunto corre um risco muito grande de se acidentar e ir a óbito”, alerta diretor-executivo da Abracopel, Edson Martinho.

 

Primeiros Socorros e Prevenção

Nos casos de queimaduras elétricas, o mais importante é interromper o contato com a fonte de eletricidade o mais rápido possível, sempre tomando precauções para não se tornar outra vítima. O socorro deve ser acionado imediatamente. Não tente remover objetos presos ao corpo da vítima, pois podem estar energizados. 

Prevenção é a chave para evitar acidentes elétricos. Em casa, é fundamental inspecionar regularmente as instalações elétricas e evitar o uso de dispositivos com fiação danificada. Já em ambientes profissionais, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como luvas e botas isolantes é obrigatório. Além disso, é importante seguir as normas de segurança, como desligar a energia antes de manutenções e estar atento a sinais de perigo.

 


Curiosidade: 17 de outubro é o Dia do Eletricista. Não se tem registro da origem da data, mas ela é usada para homenagear esses profissionais responsáveis por garantir o funcionamento seguro da energia elétrica em diversos setores da sociedade e, também, para fazer um alerta quanto aos riscos da eletricidade em caso de uso incorreto. 

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