- 25/07/2024
Profissionais com maior risco para esse tipo de agravo são da área têxtil, eletricista, soldadores, mecânicos, cozinheiros, garçons e aqueles que atuam em laboratórios
Dia 26 de agosto de 1994. Parecia mais um dia normal na rotina de trabalho do então técnico em elétrica/eletrônica Alisson Santos. Mas uma queima provocada pelo vazamento de gás de um forno de cal no qual fazia manutenção mudou sua vida para sempre: 60% do corpo queimado, 33 dias de internação, 33 cirurgias, amputação de um dedo e perda de mobilidade das mãos.
Assim como Alisson, centenas de pessoas têm suas vidas impactadas por acidentes de trabalho. Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, entre 2012 e 2022, cerca de 179 mil pessoas se acidentaram no ambiente de trabalho com queimaduras como consequência. Somente em 2022, dados mais recentes, mostram que 15.180 pessoas sofreram esse tipo de acidente.
Um artigo publicado em uma das edições da Revista Brasileira de Queimados aponta que os profissionais com maior risco para acidente envolvendo queimaduras são da área têxtil, eletricista, soldadores, mecânicos, cozinheiros, garçons e encanadores. Mas, também, se arriscam aqueles que atuam em laboratórios.
“A minha vida foi virada pelo avesso com esse acidente. Mudou toda minha rota traçada. Sempre gostei da área de engenharia e manutenção. Estava tentando vestibular para engenharia elétrica e esse era meu sonho, me tornar um engenheiro. Após quatro anos de tratamento voltei ao trabalho e fui remanejado para área administrativa, já que não tinha condições físicas para exercer a manutenção elétrica”, conta Alisson, que atualmente trabalha na área administrativa de uma mineradora.
Paulo Henrique Muniz Rocha não teve a mesma sorte que Alisson em continuar trabalhando. Depois de um acidente com álcool na panificadora em que trabalhava, acabou desempregado. “Tive 54% do corpo queimado, perdi a mobilidade dos dois braços. Acho que, no meu caso, duas coisas poderiam ter evitado o acidente: treinamento e uso de equipamento de proteção individual”, destaca.
Paulo tem razão. Especialistas apontam três pontos importantes para evitar acidentes no trabalho: treinamento em segurança, uso de equipamentos de proteção e inspeções regulares para possíveis manutenções, evitando falhas que possam provocar acidentes. Muitos países têm regulamentações específicas para prevenir acidentes de trabalho, incluindo aqueles relacionados a queimaduras. Empresas são obrigadas a seguir essas normas para garantir um ambiente de trabalho seguro.
No Brasil, a Lei nº 6.514/1977 aponta obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos por empregadores e trabalhadores com o objetivo de garantir trabalho seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças e acidentes de trabalho. As primeiras normas regulamentadoras foram publicadas pela Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978. As demais normas foram criadas ao longo do tempo, visando assegurar a prevenção da segurança e saúde de trabalhadores em serviços laborais e segmentos econômicos específicos. Elas podem ser consultadas no site do Ministério do Trabalho.
Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho - Para alertar empregados, empregadores, governos e sociedade civil para a importância de práticas que reduzam o número de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, promovam um ambiente seguro e práticas saudáveis em todos os setores produtivos, 27 de julho foi reservado ao Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho.
Dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho mostram que foram notificados 6.774.543 acidentes de trabalho. 25.492 desses acidentes resultaram em morte entre 2012 e 2022.