- 28/08/2024
Entre as atividades estão entrega de produtos como malhas e hidratantes, capacitação e apoio psicológico
Entregar tempo, amor, recurso financeiro, conhecimento, esperando em troca apenas a satisfação pessoal em ajudar o próximo. Talvez seja esse o espírito de quem decide atuar como voluntário. No Brasil existem cerca de 57 milhões de deles ativos.
Pelo menos seis organizações não governamentais atuam com vítimas de queimaduras e seus familiares, reunindo centenas de voluntários Brasil a fora. Entre as atividades estão entrega de produtos como malhas e hidratantes, capacitação e apoio psicológico.
Voluntária no Núcleo de Proteção aos Queimados (NPQ), uma instituição com sede em Goiânia, a empresária e assistente social Jaldete Rodrigues ressalta que ser voluntário exige muita dedicação e responsabilidade. “O voluntário traz a diversidade pra instituição, a visão diversificada, o olhar da sociedade”, ressalta.
O NPQ foi fundado extraoficialmente em 1984 e oficializada em 1999 pelo grupo Piccolo. “Nossa missão é fazer acolhimento, orientar, capacitar, apoiar, auxiliar no tratamento, trabalhar com a autoestima, fazer a defesa dos direitos de todos os sobreviventes de queimaduras. Buscando alinhar a prevenção”, enumera a terapeuta ocupacional Rosa Irlene, diretora Geral do NPQ, que passa a somar no nome Instituto Esperanza.
Para um futuro próximo, o Instituto pretende fortalecer as campanhas de prevenção, o projeto Esperanza de cirurgias reconstrutoras, maquiagem corretiva e cursos de capacitação. “Para 2025, teremos uma nova estrutura física e novas ações sendo oferecidas ao nosso público”, anuncia Rosa Irlene.
Maranhão – Influenciados por Rosa Irlene e movidos pela história de um dos fundadores da Ong, a Associação Maranhense de Apoio a Sobreviventes de Queimaduras (Amasq) atende, atualmente, cerca de 90 pessoas diretamente. Mas, indiretamente, seus voluntários têm ajudado muito mais gente.
É que graças ao movimento iniciado por eles foi inaugurado o primeiro Centro de Tratamento de Queimaduras do Maranhão, em 2023, e criada a Semana Estadual de Prevenção às Queimaduras, em 2019. “Para melhorar o atendimento, a Amasq busca, ainda, a criação de mais um centro de referência e a melhoria na implementação de protocolos e diretrizes específicas para queimaduras”, destaca a presidente da ONG, Andrea Barbosa.
O foco de atendimento da Amasq é apoiar sobreviventes de queimaduras no Maranhão, oferecendo informações sobre o tratamento adequado tanto durante a internação quanto após a alta hospitalar. O atendimento inicial é via whatsapp. Além disso, a ONG realiza a doação de malhas compressivas, malhas brancas e cremes hidratantes para aqueles sobreviventes de baixa renda. Também promove a atualização dos profissionais de saúde sobre o tratamento de queimaduras, realizando cursos de capacitação em parceria com instituições na área da saúde.
A Associação também atua com prevenção de forma descontraída, sendo autora de duas canções: Para não se queimar, no ritmo de festa junina, lançada em 2020; e Acorda, meu Maranhão, em 2021. O próximo passo é a impressão e distribuição do folheto “Para não me queimar”. O objetivo é distribuir o folheto em todas as escolas públicas e privadas do ensino fundamental do Maranhão.
Apoio – Vítima de queimaduras, a fundadora Associação Nacional das Vítimas de Queimaduras (Anaviq), Alexandra Bilar, resolveu entregar a outras vítimas de queimaduras o que ela recebeu durante o seu tratamento: acolhimento. Ela se sentia angustiada ao perceber que as cicatrizes em seu corpo se agravavam rapidamente mesmo seguindo todas as orientações médicas. Queria mais informações para poder colaborar melhor com seu processo de recuperação.
“Além da troca de experiência sobre o tratamento, aflorou entre todos a necessidade de dar visibilidade social a esta causa, além de mobilizar as próprias vítimas a buscarem por melhores políticas de tratamento e prevenção, frisa Alexandra, hoje vice-presidente da Anaviq.
Atualmente, a associação atende a 93 pessoas. Ela busca parcerias com profissionais e instituições que ofereçam e promovam tratamento físico e/ou psicológico de forma gratuita ou a preço reduzido, bem como parceiros para auxiliar na realização de Projetos que contribuam com a ressignificação da imagem e o aumento da autoestima da vítima de queimaduras.
“Temos já a disponibilidade de atendimento de um cirurgião plástico e sua esposa que é dermatologista, que atenderão voluntariamente vítimas que não estejam sendo assistidas pelo SUS e não tenham condições de pagar o tratamento. Também uma parceria com uma tatuadora especializada em desenhar em cima de Cicatrizes, a fim de camuflar as sequelas de queimaduras”, adianta a secretária e voluntária da Anaviq, também vítima de queimaduras, Karina Correia.
Em Brasília, Associação dos Portadores de Sequelas de Queimaduras atende cerca de 50 pessoas por mês fornecendo malha compressiva feita sob medida. “Consideramos que esse é o item mais caro em todo o processo de reabilitação”, conta a diretora-presidente da ong Ana Parecida França. Eles confeccionam as malhas em parceria com o Hospital Regional da Asa Norte, referência em atendimento de vítimas de queimaduras na capital federal.
Dia nacional do voluntário – A Lei nº 7.352/1985 instituiu o 28 de agosto para celebrar o Dia Nacional do Voluntário, uma forma de homenagear quem abre mão de tempo para si para se dedicar ao outro.