- 18/08/2020
Em algumas regiões do País, os atendimentos desse tipo de queimadura chegam a 70%
Recentemente, um adolescente morreu, em Tocantins, após ser eletrocutado enquanto retirava um carregador de celular da tomada. O acidente foi causado após o revestimento plástico se soltar. O jovem teria encostado na parte de metal. Infelizmente, esse tipo de acidente acontece com frequência, conforme destaca a cirurgiã plástica Glória Yaneth Buitrago Acosta. Ela trabalha no Centro de Tratamento de Queimados do Hospital 28 de Agosto, em Manaus, e diz que os casos de queimaduras elétricas chegam a ser 70% dos atendimentos.
“Em nosso estado, os acidentes com fios de alta tensão são uma das principais causas de queimaduras elétricas de terceiro grau. Inclusive, nosso CTQ completou 30 anos e é referência nesse tipo de atendimento na região Norte”, afirma. Os choques elétricos ocorrem sempre que uma determinada corrente elétrica percorre o corpo humano. Dependendo da situação, pode causar um pequeno formigamento, queimaduras de terceiro grau ou até mesmo levar ao óbito.
“A queimadura elétrica é mais intensa nos pontos de entrada e saída da corrente e se torna ainda mais grave de acordo com o valor da corrente e sua duração”, explica.
Segundo levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), de janeiro de 2019 a março deste ano, foram 2.349 internações em todo o Brasil por exposição à corrente elétrica. A região Sudeste apresentou 733 casos, sendo a maioria - 402 internações - no estado de São Paulo.
Em seguida, a região com mais internações foi Nordeste, com 566 casos, sendo 213 intercorrências na Bahia. A região Norte apresentou 386 pacientes internados por causa da exposição à corrente elétrica, sendo Tocantins com mais casos, 174. A região Sul aparece com 362 internações, sendo a maioria no Paraná, 197. E a região Centro-Oeste apresentou 302 casos, com 180 em Goiás.
O número é alarmante. Conforme o cirurgião plástico Ivanilson Raniéri, médico do CTQ de Belém, quase metade dos acidentados atendidos são de queimaduras elétricas. “Em nossa região, esse tipo de queimadura é muito frequente, são adultos na faixa dos 20 a 40 anos e normalmente são casos graves, com mutilações, amputações e até a perda de vida. Ocorrem por ligações elétricas clandestinas, pela falta de equipamentos de proteção individual, por imprudências em casa mesmo. Precisamos destacar que as crianças também são muito suscetíveis, é fundamental proteger as tomadas e orientá-las a não mexer com os cabos dos equipamentos eletrônicos. A rede elétrica é para ser manuseada por profissionais habilitados e com proteção adequada”, diz.
PRIMEIROS-SOCORROS – O médico Ivanilson Raniéri explica que, para socorrer uma vítima de queimadura elétrica, é necessário, primeiramente, desligar a chave da fonte causadora do choque, ainda mais se a pessoa estiver presa à rede.
“Não tente desgrudar a vítima com a chave ainda ligada, você pode se tornar mais uma vítima. Se houve a descarga, mas o paciente não ficou grudado, hidrate-o e leve-o urgente para o hospital. Não devemos menosprezar os acidentes elétricos, mesmo que pareçam leves”, destaca.
DICAS DE SEGURANÇA
• Quadro de força pode matar, deixe para um especialista mexer, se for preciso;
• Nunca deixe aparelhos ligados direto na tomada, a menos que seja necessário, como a geladeira. Desligue para evitar que uma criança curiosa morda o fio, por exemplo;
• Não mexa com fios em postes, a corrente que passa é muito mais forte e frequentemente mata. A pipa ficou presa? Deixeela lá e faça uma nova;
• Cuidado ao remendar fios, faça com muito cuidado e com materiais adequados;
• Cuidado para não sobrecarregar tomadas emendando vários fios, isto pode aquecer muito e causar curto e incêndios.