YD Comunicação - 08/12/2021
Meta é capacitar e aprimorar conhecimento de profissionais
O Sistema Nacional de Transplante (SNT), em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Universidade de São Paulo (USP), organizaram um curso para aprofundamento do conhecimento do transplante de pele e introdução ao uso da membrana amniótica, tecnologia que está em fase final de aprovação no Brasil. A capacitação foi coordenada pelo professor André Paggiaro. Cirurgiões plásticos que atuam nos centros de tratamento de queimados (CTQ) foram convidados pelas centrais estaduais de transplantes para aprender e aperfeiçoar o conteúdo. Com aulas teóricas e práticas, as turmas tiveram três dias de curso presencial.
O presidente da Sociedade Brasileirade Queimaduras (SBQ), José Adorno, participou da capacitação e conta que o conteúdo foi de excelência, com aprofundamento em conhecimento, fisiopatologia e em estudos científicos. E chamou atenção para um diferencial: todo o curso foi produzido no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), onde cerca de 95% do tratamento das queimaduras é realizado.
Para ele, após a capacitação, os cirurgiões reconhecerão a importância dessa tecnologia e passarão a demandar mais os substitutos temporários de pele, o que impactará na melhoria do tratamento das queimaduras, diminuindo as infecções, a mortalidade e o custo. “A medida protege as queimaduras com um tecido alógeno, há uma menor utilização de outros insumos, especialmente os curativos sintéticos ou mais elaborados da indústria farmacêutica, que tem um custo grande”, ressalta.
Para a cirurgiã plástica do CTQ do Hospital Infantil de Vitória, no Espírito Santo, Rosalie Matuk Torrelio, que participou da turma de setembro, o transplante de pele ainda é pouco utilizado no país devido à falta de capacitação dos profissionais que atuam nos CTQs em usar a pele alógena pela concentração dos bancos de pele em grandes centros, o que acaba dificultando o acesso a outras regiões. Atualmente, existem quatro bancos de pele no Brasil, estando eles em Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.
“Conseguir capacitar esses profissionais e sensibilizar para o uso da pele alógena é muito importante. Para melhorar a área de transplantes é necessário facilitar os credenciamentos dos serviços e aumentar a capacidade de captação com equipes satélites pelo Brasil”, conta Rosalie.
A meta era treinar 90 cirurgiões, mas ainda não foi atingida. O presidente da SBQ acredita que ainda surgirão novas turmas em 2022.
Balanço positivo – A cirurgiã plástica e coordenadora do CTQ do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, no Espírito Santo, Marcelle Barbosa Gaigher, conta que o curso estava previsto para 2019, mas a pandemia atrasou a capacitação, que só foi realizada este ano.
“O curso foi muito bem elaborado, com conteúdo excelente, discussão de casos e apresentação de artigos. Fora a oportunidade de interagirmos com outros colegas de vários CTQs no Brasil. Uma troca muito rica”, destacou.
Membrana amniótica – Dentro da política nacional de tecidos alógenos o uso da membrana amniótica foi aprovado em setembro deste ano pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como terapia clínica. Agora, aguarda a aprovação na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e depois vai para o Sistema Nacional de Transplante (SNT) para que comece o uso no Brasil, no âmbito do SUS.
“Será de grande impacto para o tratamento das queimaduras, em especial, e para as feridas. Já existe um conhecimento em desenvolvimento por vários bancos de pele. Todos eles, praticamente, já estavam iniciando a forma de preparo e captação da membrana amniótica”, conclui o presidente da SBQ José Adorno.