- 11/05/2017
Sempre ligado ao setor humanista, o cirurgião Rolf Gemperli será outro homenageado durante a X Jornada Brasileira de Queimaduras (JBQ). Evento ocorrerá de 1° a 3 de junho no Hotel Business, na Vila Olímpia, em São Paulo. Neste ano, o tema do congresso será Da Teoria à Prática, que abordará atualidades do tratamento das queimaduras. “Me sinto extremamente honrado com essa homenagem e por representar o serviço de cirurgia plástica do HCFMUSP e meus colegas trabalho. Isso representa o reconhecimento do trabalho de nossa equipe, o que produzimos é aquilo que desenvolvemos na área”, revela.
Com várias décadas dedicadas à Medicina, Gemperli considera-se um homem bem-sucedido na área profissional e na vida pessoal. “Sou professor titular de cirurgia plástica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e, paralelamente, respeitado como profissional fora da vida acadêmica. No entanto, para chegar nesse ponto, o trabalho extremamente árduo. Hoje colho os frutos de anos de comprometimento e dedicação”, diz.
A JBQ tem como objetivo levar a médicos e a todos aqueles que se interessam pela subárea da cirurgia plástica, os recentes avanços no tratamento das queimaduras. “É uma atividade muito interessante na qual estamos conseguindo melhorar a qualidade do atendimento do queimado e da qualidade de vida desse paciente”, explica.
Carreira
O pai de Gemperli era do ramo da indústria, mas tinha o sonho de ser médico. Diante disso, o cirurgião plástico resolveu trilhar o desígnio de seu progenitor por pura coincidência. “Foi um grande sonho realizado. Me dediquei à Medicina e no terceiro ano da faculdade me interessei pela área cirúrgica. Todavia, somente em 1978, quando estava terminando a Residência em Cirurgia Geral, decidi que seguiria carreira na área de cirurgia plástica”, recorda. Ainda segundo o médico, “a cirurgia plástica não foi meu primeiro objetivo de vida. Na verdade, fui convencido pelo cirurgião plástico Dr. Munir Curi. Um dia nos encontramos em uma praça esportiva, conversamos e somente a partir disso, resolvi trilhar esta especialidade”.
Dificuldades e realizações
Conforme afirma o médico, para conquistar os objetivos, as pessoas precisam, além de dedicação, abdicar de diversas coisas. “Me dediquei à Medicina e ressalto que o lado acadêmico é completamente diferente do lado profissional liberal. Também devemos pensar no que acontecerá com a cirurgia plástica nos próximos 20 anos, e isso é realmente um grande desafio”, comenta.
De acordo com Gemperli, todos os esforços são dedicados à comunidade. “No ano de 2016, realizamos 5.265 cirurgias de alta complexidade no Hospital das Clínicas da USP. Atuando dentro de todas as unidades do completo HC. Todos os procedimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”.
O HCFMUSP é uma autarquia especial ligada diretamente ao Governo do Estado de São Paulo. “Somos mais de 100 cirurgiões atuado neste complexo, e em alguns setores existe uma lista de espera, motivo pelo qual realizamos o ocasionalmente mutirões. No ao passado, realizamos um Mutirão de Reconstrução Mamária e este ano planejamos o Mutirão de Queimaduras e Sequelas de Queimaduras e novamente o de Reconstrução Mamária”, adianta.
Tratamento de queimaduras no Brasil
Comparado ao tratamento oncológico, a terapêutica de queimaduras por meio de equipe multidisciplinar é uma das mais caras. “Gasta-se muito com internações longas. Além disso, não são todos os hospitais que estão preparados para atender esse tipo de problema, necessitando de pessoas especializadas, internações em UTI, dentre outras coisas. O queimado grave talvez seja o mais complexo para tratar”, pontua.
Uma pessoa vítima de queimaduras é mais propensa à infeção, por isso a atenção deve ser redobrada. “Esse tipo de paciente, sendo mais ou menos grave, precisa de atenção o tempo inteiro. Além disso, o processo de cicatrização é demorado e complicado. A boa notícia é que os casos de queimaduras têm diminuído”, garante. O paciente queimado só recebe alta quando está curado.
No Brasil existem poucos centros de tratamento de queimaduras. Por isso, segundo o cirurgião plástico, é crucial fazer ações de prevenção e também atuar em um sistema educacional de prevenção à queimadura. Segundo ele, o número de crianças vítimas queimaduras equivale ao de adultos. “O número de adultos-jovens queimados é grande e geralmente advém de seus locais de trabalho. Vários trabalham na indústria química e na petroquímica. Ressalto ainda que número de homens que são vítimas desse tipo de acidente é superior ao de mulheres”, revela.
Para Gemperli, é preciso aumentar o número de hospitais que tratam as vítimas de queimaduras. “É necessário treinar profissionais especializados que saibam lindar com o paciente queimado. As universidades também deveriam aumentar o número de cadeiras para capacitação em queimaduras e cirurgia plástica”.
Conforme alega o médico, existem vários tipos de queimados, fazendo com que o paciente e sua família passem por traumas enormes “Temos psicólogos disponíveis e também terapeutas ocupacionais para recuperar estes pacientes”.