- 25/06/2020
Procedimento inédito faz caminhar processo para autorizar o local a captar pele humana
Uma equipe do Sistema Nacional de Transplante (SNT), com o intermédio da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), realizou a primeira vistoria virtual de um banco de tecidos no país, nesta quarta-feira (24). O ineditismo, realizado em razão da pandemia de coronavírus, foi possível graças à tecnologia, com o uso de um aplicativo, e evitou o adiamento dessa etapa importante para a autorização do funcionamento do Banco de Tecidos do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto para captação de pele humana. Atualmente, o local tem autorização para atuar na área óssea e em outros tecidos.
A inspeção remota foi minuciosa, passando por toda estrutura física, armazenamento e processamento do banco de tecidos. Ao final do encontro, foi constatado que alguns documentos devem ser atualizados para a liberação do funcionamento. Com um parecer positivo, as atribuições do banco serão de captação, processamento, armazenamento e disponibilização de lâminas de pele humana.
Segundo o presidente da SBQ, José Adorno, com a abertura de mais um banco de pele serão cinco em todo o país (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba). “Assim, teremos melhor resultado no tratamento de queimaduras, diminuição de infecções, redução de custo, facilitação do processo de cicatrização e menos dor para o paciente queimado”, complementa.
O chefe do setor de cirurgia plástica do HC, Jayme Farina, comemorou a iniciativa. Ele lembrou que houve um aumento considerável no número de pacientes queimados com a liberação do álcool 70%. “Estamos com a nossa unidade de queimados precisando de bancos de pele. Agradecemos ao SNT e ao Adorno, responsável pela ponte”, agradeceu.
A coordenadora-geral do SNT, Daniela Salomão, elogiou as instalações e parabenizou a equipe do banco de pele. Além de se comprometer a visitar, pessoalmente, as instalações quando a pandemia passar.
Apoio - A sugestão para a vistoria surgiu por meio de uma reunião do SIG Queimaduras, encontro semanal da SBQ com profissionais de diversas áreas, onde vários temas relacionados a queimaduras são abordados. “No último encontro, estiveram presentes representantes do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Federal de Medicina, o que proporcionou um estreitamento sobre a nossa política de tecidos alógenos no Brasil”, afirmou o doutor Adorno.
Histórico - O Banco de Tecidos Humanos do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto foi inaugurado em 15 de junho de 2011. Segundo Luis Gustavo Gazoni Martins, coordenador técnico do Banco, cerca de quatro milhões de pessoas são beneficiadas e ele atende as regiões de Ribeirão Preto, Araraquara, Franca, Barretos e São João da Boa Vista.
O Banco de Tecidos conta com administração, sala de recebimento de tecidos e guarda de materiais, sala de armazenamento, sala de criopreservação com nitrogênio, vestiário de barreira, antecâmara, sala de processamento, sala de liofilização, sala de resíduos, lavabo cirúrgico e antecâmara para passagem dos materiais.