A realidade dos CTQs pelo Brasil

YD Comunicação - 01/10/2021

Entrevista com Marcus Barroso, CTQ do Hospital Geral do Estado (Salvador-BA)

Uma unidade própria para atender pacientes de alta complexidade em queimaduras. Assim é o Centro de Tratamento de Queimados. No Brasil, há 76 deles em funcionamento. Para mostrar a realidade de cada um, a Sociedade Brasileira de Queimaduras inicia uma nova coluna em seu site e redes sociais, onde dará a oportunidade dos chefes de CTQs falarem sobre suas unidades. 

Apesar da evolução dos últimos 20 anos, os CTQs ainda enfrentam muitos problemas estruturais, de organização de equipes, de inclusão e implementação de tecnologias, fluxo e parâmetros de atendimento, insumos, recursos humanos, entre outros. Falar sobre as dificuldades enfrentadas é uma forma de chamar a atenção para mudanças. 

O primeiro entrevistado é Marcus Vinícius da Silva Barroso, na coordenação do CTQ do Hospital Geral do Estado, em Salvador (BA) desde 2016:

- Como é a estrutura do CTQ, tanto física quanto de profissionais? 

O CTQ ocupa todo o terceiro andar do HGE 2. Contamos com 18 leitos adulto, 10 infantis e uma UTI com quatro leitos, todos exclusivos para queimados. Possuímos centro cirúrgico próprio, sala de recuperação pós-anestésica e sala de balneoterapia. O ambulatório tem duas salas de atendimento e duas para curativos. 

Somos porta aberta e funcionamos 24h, todos os dias. Contamos com dois cirurgiões plásticos exclusivos do serviço todos os dias, assim como dois anestesistas, um para balneoterapia e um para o centro cirúrgico. Ainda temos dois residentes do serviço diariamente (residência própria em Atendimento ao queimado), um residente de cirurgia plástica do hospital universitário da UFBA e três internos da mesma universidade.

Contamos com um coordenador e um diarista para passar as visitas e dois diaristas na UTI para o mesmo objetivo. Ainda temos a equipe multiprofissional exclusiva da unidade com enfermeiras, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, farmacêutico, técnicos de enfermagem, assim como demais especialidades médicas, tais como psiquiatria e nefrologia sob demanda para resposta de interconsultas. Possuímos 23 enfermeiras e 76 técnicos, também exclusivos.

Temos dois pediatras diariamente, uma coordenadora médica da ala pediátrica e três residentes de pediatria que rodam no serviço

- Tem capacidade para atender quantos pacientes?

Total 32 leitos. Possuímos UTI Pediátrica com oito leitos no hospital, que funciona como apoio a nossa ala pediátrica.

- Quais as maiores dificuldades encontradas?

Nosso grande gargalo é possuirmos somente uma sala de balneo, uma sala de centro cirúrgico e quatros leitos de UTI adulto. Com base na portaria de regulamentação dos CTQs, precisaríamos de mais duas salas de balneo e mais duas de centro cirúrgico, assim como pelo menos mais oito vagas de UTI. No nosso estado somos referência. Lembro que a Bahia é do tamanho da França e só possui nosso serviço e o de Santo Antônio de Jesus, a 200km de distância da capital, de média complexidade.

- Com a pandemia, essas dificuldades foram potencializadas? O que mudou com a pandemia?

A pandemia não nos afetou, não viramos enfermaria covid. O hospital ficou como referência para trauma. Pelo contrário, nossa taxa de ocupação caiu para cerca de 60%.

- Desde que entrou, conseguiu implementar algum projeto, mudar algum protocolo, enfim, fazer alguma alteração positiva no centro?

Recebi de presente uma unidade totalmente nova, 90% dos profissionais foram novos contratados, 100% da equipe médica foi renovada, assim como da equipe de enfermagem.

O trabalho foi e está sendo grande, já que instauramos protocolos  novos e tivemos que treinar os profissionais. Foi bom e foi ruim: estruturamos do zero praticamente tudo, mas tivemos que arcar com o treinamento constante da equipe.

Muito trabalho nestes quase cinco anos de existência, mas uma experiência muito positiva. Contamos sempre com o apoio da diretoria do hospital. E colhemos bons frutos, como a implementação de nossa residência em atendimento ao queimado, uma das três do Brasil, e alguns prêmios em congressos da SBCP com trabalhos desenvolvidos no serviço. Também foram desenvolvidas aqui três dissertações de mestrado e vários TCCs, tanto de enfermagem como medicina.


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