- 25/03/2025
Incêndio em boate na Macedônia do Norte reacende alerta quanto ao uso de artefatos pirotécnicos em ambientes fechados
The Station, República Cromañón, Lame Horse,
Santika, Kiss, Colectiv, Canecão Mineiro, Ghost Ship e Pulse em Kocani. O que
essas boates, localizadas em diferentes partes do mundo, têm em comum? Em todas
elas centenas de pessoas morreram em incêndios causados pela
irresponsabilidade. Os casos ocorreram em anos diferentes, desde 2003, tendo o
último sido noticiado neste mês de março.
A causa principal em todas elas foi o
uso de pirotecnia em ambiente fechado, atingindo peças inflamáveis destes
locais. Somado a isso, a falta de estrutura adequada, como a inexistência de
saídas de emergência, resultou em múltiplas vítimas de queimaduras.
No Brasil, a Associação dos Familiares
de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria tem batalhado desde 2013
- quando 242 pessoas morreram e outras 636 ficaram feridas no incêndio da Boate
Kiss – para garantir medidas de segurança neste sentido.
“Em 2013, foi criada a Lei Kiss, que já
foi considerada muito rigorosa, demonstrando preocupação com a prevenção. Mas,
para a nossa decepção, de 2013 até hoje, ela já passou por 20 flexibilizações,
tirando as partes que mais garantiam a segurança”, lamenta o presidente da Associação,
Flávio Silva.
Nesta terça-feira (25), a Associação
esteve reunida com representantes de associações de familiares vítimas de tragédias
semelhantes da República Cromañón e dos Estados Unidos para discutir a ideia de
criar uma instituição internacional para fazer uma campanha de alcance mundial
para proibir todo e qualquer tipo de artefato pirotécnico em ambientes
fechados.
“Só assim nós conseguiremos prevenir que
aconteça mais alguma tragédia como essa última que aconteceu na Macedônia do
Norte. Tudo que aconteceu
nessas tragédias que antecederam só troca o endereço. A gente vai tentar acabar
com artefatos pirotécnicos
de qualquer natureza em ambientes fechados, seja bar, restaurante, clube,
boates, casa de show, ginásio, nenhum tipo de artefato para não gerar nenhuma
brecha”, frisa Flávio, destacando que a mudança depende do esforço das pessoas
em lutar por ela.
Para Edson Martinho, diretor-executivo da
Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel),
a preocupação vai além da questão do uso de artefatos pirotécnicos. “Os problemas
elétricos causaram mais de mil incêndios no Brasil, quando temos sobrecarga ou
curto-circuito nos fios”, diz. Basta uma busca rápida para encontrar diversas
notícias de casos em que bares e casas noturnas foram acometidos por esse tipo
de problema.
Congresso
Em abril, vítimas de queimaduras em
tragédias e profissionais que atuam neste tipo de atendimento estarão reunidos
no 1º Congresso Internacional de Vítimas de Queimaduras em Tragédias, a ser
realizado no Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
O evento será nos dias 7 e 8 de abril, com entrada gratuita e aberto ao
público.
Com uma programação diversificada, o
congresso contará com palestras de profissionais da saúde que atuam diretamente
no atendimento a vítimas de queimaduras, além de relatos impactantes de
sobreviventes de tragédias como a da boate Kiss e da boate The Station (EUA).
A presidente da Sociedade Brasileira de
Queimaduras, Kelly de Araújo, é uma das participantes.
Até 2 de abril, qualquer pessoa pode contribuir com sugestão, crítica ou opinião
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