- 04/03/2017
O site Stat, referência nacional em matérias e reportagens sobre saúde, medicina e descobertas científicas publicou, em 2 de março, uma reportagem sobre o uso de pele de tilápia no tratamento de pacientes com queimaduras promovido pela Universidade Federal do Ceará.
A repórter Nadia Sussman, responsável pelo conteúdo produzido, conversou com o coordenador do estudo com pele de tilápia e presidente do Instituto de Apoio aos Queimados, Dr. Edmar Maciel e com o supervisor elétrico Josué Bezerra Jr, vítima de queimadura. Na reportagem ela relata que a técnica é menos dolorosa e reduz o tempo de tratamento.
Segundo a reportagem, a pesquisa tem sido desenvolvida em 52 pacientes e o tratamento dura de 9 a 11 dias. A pele de tilápia, uma vez colocada, só é retirada quando tem início a cicatrização natural da vítima. Josué relatou à Nadia que sentiu a ferida queimar no dia em que colocou a pele de tilápia, porém, não necessitou de remédios para controle da dor e, para sua surpresa, após 13 dias a queimadura estava cicatrizando.
O coordenador do estudo revelou ao Stat o processo meticuloso para confecção da pele de tilápia, que envolve a esterilização em clorexidina e glicerol em várias concentrações e a radioesterilização complementar feita em São Paulo. Esse cuidado é importante para evitar contaminação com vírus. Após o processo de limpeza e tratamento, a pele é refrigerada com validade de até dois anos.
A pele de tilápia é utilizada pois demonstrou conter alta resistência e índices de colágeno superiores aos encontrados em pele humana e de outros animais, como o porco. Para analisar a viabilidade do uso desse tratamento no Estados Unidos, a repórter conversou com a diretora inteirina do Centro Regional de Queimaduras da Universidade da Califórnia em San Diego, Dra. Jeanne Lee que, com base no suprimento de pele humana doada, não acredita que a pele de tilápia chegará aos hospitais americanos em um futuro próximo.
Além disso, o uso de pele animal nos Estados Unidos demandaria escrutínio devido os grupos dos direitos dos animais em alguns estados. Todavia, Nadia afirmou que o estudo poderia ser uma benção caso fosse desenvolvido em outros países. A repórter ainda relata que o Brasil desenvolve pesquisas histológicas que comparam a composição da pele humana, de tilápia, porcos e sapos e também o custo do tratamento convencional e o que utiliza a tilápia.
Ao visitar o Instituto José Frota de Fortaleza, a repórter conheceu a realidade enfrentada por diversos brasileiros vítimas de queimaduras que utilizam gaze e cremes preventivos para evitar infecção e tratar a ferida. Esse tratamento exige a higienização diária em um processo doloroso. Assim, ela menciona a Dra. Lee e Dr. Edmar que reconhecem qu,e caso a pesquisa continue demonstrando sucesso, a pele de tilápia pode ser produzida em escala industrial e comercializada no sistema público de saúde.
A reportagem produzida pelo Stat pode ser conferida no site: www.statnews.com/2017/03/02/brazil-tilapia-skin-burns