YD comunicação - 26/01/2024
Evento está previsto para o segundo semestre de 2024, em Belo Horizonte
A linha de cuidados ao paciente queimado será a temática do XIV Congresso Brasileiro de Queimaduras, que será realizado no segundo semestre deste ano, em Belo Horizonte. A escolha do tema para o evento de Minas Gerais é justamente porque o estado saiu na frente na construção de um projeto de estruturação da linha de cuidados, iniciado há três anos, pelo Grupo Técnico da Secretaria de Saúde do estado, com o apoio técnico do Hospital João XXIII e da Sociedade Brasileira de Queimaduras.
“Em 2021, foi realizado um estudo acerca do cenário assistencial do paciente queimado, que apontou a necessidade de estruturação da linha de cuidado para este perfil de paciente. Foram identificados vazios assistenciais e uma rede de atenção deficiente”, conta a referência técnica coordenação de cuidados intensivos hospitalares de Minas Gerais, Diovana Paiva Faustino, enfermeira especialista em políticas e gestão de saúde.
Na época, o estado contava com apenas três hospitais habilitados como centro de referência - Alta Complexidade, que continham no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) o total de 14 leitos de UTI Queimados, dos quais nove exclusivos, sendo referência para uma população de 21.411.923 de habitantes.
Em março de 2022 foram aprovadas as diretrizes da linha de cuidado de assistência ao paciente queimado. Já em outubro, com o objetivo de organizar as diretrizes já publicadas, foi realizada a atualização e consolidação das regras de estruturação e cofinanciamento da linha de cuidado. No final do mesmo ano, foi publicada resolução aprovando credenciamento de 20 Centros de Tratamento de Queimados (CTQ) dispostos em 18 municípios, localizados em 11 macrorregiões de saúde, otimizando o acesso do paciente grave ao leito hospitalar por meio da regulação do acesso em fila única.
MUDANÇAS - Diovana destaca que a linha de cuidado foi monitorada por seis meses a partir o início de funcionamento e o monitoramento demonstrou necessidade de reformulação da política, uma vez que os pacientes queimados possuem um perfil clínico mais complexo que a capacidade assistencial dos CTQs.
“Além disso, havia, também, vazios assistenciais, CTQs com estrutura incompatível com a necessidade, demanda reprimida para cirurgia reparadora e necessidade de inclusão de outros pontos de atenção, como ambulatório, serviço de atenção domiciliar”, complementa Diovana.
Então, foi feita uma reformulação e, para isso, feito novo levantamento acerca do perfil dos pacientes queimados, bem como a necessidade de leitos de UTI e enfermaria em todas as macrorregiões do Estado e identificada a necessidade de leitos em Minas Gerais. Eram necessários 42 leitos de UTI e 70 de enfermaria de alta complexidade; e nove leitos de UTIs e 45 leitos de enfermaria de media complexidade.
Assim, em outubro de 2023, foi publicada a Deliberação CIB-SUS/MG nº 4.409, com o objetivo de aprimorar a organização da rede já instituída. A Linha de Cuidado sofreu alteração na nomeclatura das tipologias passando a contar Hospitais Porte I, Porte II e Porte III. “Os hospitais porte I serão elencados dentro dos 114 hospitais da rede de urgência para atendimento de pacientes pequenos queimados. Tais hospitais devem pactuar a assistência a queimados na grade de referência, considerando os critérios de regionalização”, conta Diovana.
Além destes, foram credenciados 14 hospitais divididos entre aqueles já existentes e em funcionamento para atendimento de pacientes médio queimados e os destinados ao atendimento de pacientes grandes queimados, sendo que deste, um está em pleno funcionamento e os demais em processo de estruturação.
Também em outubro do ano passado foram aprovadas as regras de financiamento do projeto de estruturação dos centros de tratamento de queimados no valor de R$ 23.237.455,00.
O formato atual da Linha de Cuidado conta com 14 CTQs, sendo nove para atendimento de média complexidade e cinco CTQs para atendimento de Alta Complexidade. Para o atendimento pleno de pacientes grandes queimados, os CTQs Porte III terão o prazo de 12 meses para a estruturação.
“Ainda no contexto da Alta Complexidade, cabe mencionar que a previsão de CTQs para Minas Gerais é de sete, sendo assim, teremos o credenciamento de pelo menos mais dois CTQs, conforme o cronograma de credenciamento estabelecido”, destaca. A previsão é de que isso ocorra até abril.
“Estamos dando um passo muito grande com toda essa legislação e ampliação da rede e temos muito trabalho ainda com as dificuldades que vêm aparecendo, como a de conseguir equipe especializada, principalmente cirurgião, e treinamento, porque a rede é grande, mas a maioria dos profissionais é inexperiente nessa área. Então, os processos de capacitação serão importantes”, finaliza a vice-presidente da SBQ, Kelly de Araújo.