Lyd Comunicação - 19/04/2024
Aparelhos são comuns em buffets e restaurantes. Mas erro em
manuseio pode provocar acidentes, algumas vezes, fatais
Uma mesa com pessoas queridas. Uma comida gostosa e quentinha.
Para não esfriar, chega a hora de reacender a chama do réchaud ou do aparelho
de fondue. Apesar da cena comum em restaurantes, bares e até em casa, ela
oferece um risco, muitas vezes, inimaginável. Não há números oficiais de
quantas pessoas já foram vítimas desse tipo de acidente, que provoca
queimaduras, muitas vezes, fatais. Mas, de acordo com profissionais que atuam
na área, é mais frequente do que se imagina.
O caso mais recente que repercutiu nacionalmente foi o da
jovem indígena Jaqueline Tedesco, que morreu em março deste ano, após seis dias
hospitalizada no Rio Grande do Sul. Ela teve 30% do corpo queimado devido a um
acidente com aparelho de fondue enquanto comemorava a formatura com a família
em um restaurante. Mas basta uma busca rápida na internet para encontrar diversas
outras notícias de acidentes semelhantes.
O problema está na hora de reabastecer o aparelho. “Nunca se
deve fazer isso com o réchaud com o fogo aceso. Ele deve ser completamente
apagado antes de encher o reservatório”, alerta a presidente da Sociedade
Brasileira de Queimaduras da regional São Paulo, Maria Carolina Coutinho. Ela
recomenda que, se possível, utilizar comburentes em forma de óleo em vez de
álcool gel, ou ainda álcool sólido, que são menos inflamáveis.
Mas caso não seja possível evitar o acidente, quem for
socorrer a vítima deve ter consciência de que o primeiro passo é resfriar a área
afetada colocando-a em água corrente fria até resfriar, cobrir comum com um
pano limpo e procurar um hospital. “Em caso de roupas grudadas na área
queimada, não tentar remove-las antes da chegada ao hospital. Retirar anéis e
alianças das mãos para evitar que o inchaço dificulte sua retirada posterior”, orienta
a médica.
Legislação – Vítima de acidente com réchaud
há quase 14 anos, a presidente da Associação Nacional dos Amigos e Vítimas de
Queimaduras (Anaviq), Alexandra Bilar tem buscado apoio no Congresso Nacional na
tentativa de evitar que mais pessoas sejam acometidas.
“Quando me queimei, achava que o que tinha acontecido comigo
era uma fatalidade. Através da Anaviq, descobri que acidentes como o meu
ocorrem com muita frequência. Temos cadastradas em nosso banco de dados 14
pessoas queimadas com réchaud”, conta Alexandra.
Ela diz que a Anaviq foi procurada pela assessoria do
deputado federal Fred Costa para a criação de um projeto de lei para proibir o
uso de álcool gel, álcool líquido e materiais inflamáveis de alto risco para
abastecer réchauds em bares, restaurantes e outros estabelecimentos. “Esse projeto
foi protocolado em outubro de 2023 e no dia 19 de março de 2024, após a notícia
da morte de uma jovem indígena com a explosão de um réchaud, o Fred Costa
protocolou um pedido de urgência. A notícia que temos é que o relatório está
pronto e prestes a ser votado”, diz.
Alexandra sofreu queimaduras enquanto se servia em um restaurante
self-service. Quando a funcionária foi abastecer o réchaud com álcool líquido,
ocorreu uma explosão. A amiga que a acompanhava acabou morrendo.
“Recebemos a notícia da restrição do uso do álcool 70° em sua
forma líquida, mas temos casos de explosão de réchaud com a utilização de
álcool em gel. Por isso é tão importante que possamos aprovar esse projeto e
ter uma lei para proteger futuros casos e alertar para esse perigo”, finaliza.