YD comunicação - 27/09/2023
Falta de
conhecimento de como funciona ainda é empecilho para doação
A maioria das
pessoas já ouviu falar em transplante de coração, rim, córneas, fígado, mas pouco
se fala em transplante de pele. Porém, o tecido pode ser doado e quem o recebe
tem a chance de um tratamento com um curativo biológico que ajuda a diminuir a
dor, a perda de líquidos da pele ferida e o risco de infecções.
O uso da pele humana é a melhor opção de tratamento
em pacientes grandes queimados, especialmente crianças. A pele transplantada vai servir temporariamente (em
média 14 dias) como a própria pele do paciente, retirando-o da fase crítica da
queimadura ou traumatismo.
Conforme explica o cirurgião plástico Eduardo Chem,
diretor do banco de pele da Irmandade Santa Casa da Misericórdia de Porto
Alegre, a pele é retirada de regiões que podem ser escondidas durante o momento
em que for velado o corpo do doador. A informação é importante, pois uma das
grandes preocupações da família do doador é justamente o medo da aparência do
familiar após a retirada da pele.
“Após a retirada da pele, as regiões doadoras
apresentam uma coloração mais clara em relação ao tom da pele do doador,
entretanto, não há sangramento tampouco mutilação destas áreas do corpo. Além
disso, estas regiões de onde a pele foi retirada são reconstituídas com
ataduras e esparadrapos ao final do processo de captação”, explica o médico.
A doação de pele pode ser realizada a partir de
indivíduos que foram a óbito com o diagnóstico de morte encefálica ou parada
cardiorrespiratória. Assim como para os demais órgãos e tecidos, mediante a
possibilidade de doação, a família do doador (até 2º grau ou cônjuge), é
entrevistada quanto ao desejo de doar os órgãos e tecidos de seu ente e,
havendo concordância, assina um termo de consentimento para a doação.
Para ser um doador, é preciso ter entre 10 e 75
anos de idade; não ter infecções sistêmicas (bacterianas, virais, fúngicas ou
parasitárias) no momento da doação; não haver ingestão ou exposição a
substâncias tóxicas nos últimos 12 meses; nem histórico de doenças como
hepatites, HIV, chagas ou sífilis; e não haver presença de piercing, tatuagem
ou maquiagem definitiva feitos nos últimos 12 meses antes da doação.
Bancos de pele – A equipe tem até 24 horas após a
morte do doador para fazer a captação. A
pele captada passa por um processamento dividido em três fases. Nessas fases a
pele é embebida e impregnada por glicerol, o que garante praticamente uma
esterilidade do tecido, e após controle microbiológico a mesma é liberada para
a utilização nos pacientes.
Atualmente, três bancos de pele localizados em São
Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba atuam captando, limpando e distribuindo pele
para todo o território nacional para tratamento de centenas de pacientes
grandes queimados ou vítimas de acidentes com politraumatismo e perdas
teciduais.
“O estoque dos Bancos hoje em dia não é elevado, há
estoque de pele, porém reduzido. O número de doações está começando lentamente
a retomar após a grande baixa da pandemia, porém, ainda há muitas negativas
familiares para doação de pele”, lamenta Eduardo Chem.
Dia Nacional de Doação de Órgãos – O dia 27 de
setembro é dedicado à conscientização sobre a importância da doação de órgãos e
tecidos. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde atualizados em agosto
de 2023, quase 66 mil pessoas aguardam na fila para receber transplante.