Kollagenase há mais de 40 anos fazendo parte da história de milhares de pacientes e profissionais no Brasil

- 09/07/2021

Disponível no Brasil há mais de 40 anos, a pomada Kollagenase é um produto biológico comercializado pelo laboratório Cristália desde 1979. Kollagenase atua na degradação do colágeno desvitalizado no tratamento de feridas¹. Quando encontra o colágeno desvitalizado ancorado no leito da lesão, a enzima colagenase degrada essa molécula em pequenas partes que propiciam a ação de outras células fundamentais no processo cicatricial como os queratinócitos e fibroblastos². Conforme o caso, o método enzimático pode dispensar técnicas convencionais de desbridamento cirúrgico ou mesmo ser associado a ele1,2,3. A importância do desbridamento enzimático promovido pela colagenase é demonstrada por vários estudos clínicos, em razão de sua seletividade e de seus efeitos benéficos na cicatrização2,4,5.

SELETIVIDADE

Em tecido íntegro, o colágeno está dentro de uma matriz (com presença de uma bainha de glicosaminoglicanas1,2,4) e a enzima colagenase presente na pomada não consegue acessá-lo, pois não alcança o sítio de ligação para quebrá-lo1,2,4. A colagenase só digere o colágeno que está livre da matriz, ou seja, que está desvitalizado. O tecido de granulação recentemente formado também tem elementos da matriz que impedem a degradação das fibras de colágeno6. A vaselina presente na pomada também pode auxiliar no processo cicatricial porque provê umidade ao local1. Porém, vale ressaltar que tanto a falta quanto o excesso de umidade, prejudicam o processo de cicatrização. Por exemplo, o excesso de umidade é um dos grandes fatores para a maceração dasbordas de feridas e a falta de umidade promove a diminuição da atividade enzimática1,7. 

BIOTECNOLOGIA ENVOLVIDA

A pomada Kollagenase é produzida com o insumo farmacêutico ativo (IFA) colagenase. Desde 1979, o Laboratório Cristália adquiria a enzima colagenase de fabricantes globais. Diversos fatores mercadológicos ao longo desses anos desenharam um cenário onde poderia haver falhas no fornecimento adequado do princípio ativo. Dessa forma, o Laboratório viu-se diante do desafio de produzir a sua própria colagenase localmente. 

ETAPAS DO PROJETO

Em 2009, o Cristália iniciou o desenvolvimento da tecnologia de produção da enzima colagenase com uma bactéria nativa (wild type), que produz colagenase na natureza, o Clostridium histolyticum. Em 2011, obteve autorização no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), para acesso ao material da biodiversidade brasileira8, mais de mil amostras de solo foram coletadas em propriedades privadas na região Sudeste. Em 2012, o Cristália obteve a patente “Meio de cultura para bactérias do gênero Clostridium livre de componentes de origem animal e processo para produção de sobrenadante contendo uma ou mais proteases com atividade colagenolítica e gelatinolítica” concedida nos Estados Unidos, na Europa e ainda em processo no Brasil8. Isso significa que a colagenase nacional é livre de insumos animais. De 2012 a 2014, foi construída uma planta industrial em Itapira, no interior de São Paulo, exclusivamente para a produção de colagenase.  Em abril de 2016, o Laboratório

Cristália obteve o registro na Anvisa para a Kollagenase produzida com o IFA colagenase Cristália 100% nacional10. O registro na Anvisa foi obtido rapidamente, em 11 meses, pois a tecnologia é nacional, sem parceiros internacionais, o que valoriza e beneficia o setor de pesquisa e desenvolvimento e economia brasileiros. Com esse processo, o Laboratório Cristália se tornou autossuficiente em colagenase e o que possibilita desenvolver também novos produtos com o princípio ativo. A biotecnologia envolvida na produção de colagenase pelo Laboratório Cristália é um marco da evolução da indústria farmacêutica brasileira em sua trajetória de acúmulo de competências, discutindo as possibilidades que a biodiversidade pode oferecer como alternativa de diferenciação competitiva9. Em 2017, o Cristália passa a comercializar a nova Kollagenase, com 100% dos insumos nacionais11. É uma história de grande sucesso que, com pouco mais de 40 anos, ainda está só começando!

Referências

1. Bula Kollagenase. Reg. MS. no 1.0298.0431. 2. Falanga V. Wound bed preparation and the role of enzymes: a case for multiple actions of therapeutic agents. Wounds. 2002;14(2):47-57. 3. Motley TA, Lange DL, Dickerson JE Jr, Slade HB. Clinical outcomes associated with serial sharp debridement of diabetic foot ulcers with and without clostridial collagenase ointment. Wounds. 2014;26(3):57-64. 4. Torra i Bou JE, Paggi B. La colagenasa y el tejido desvitalizado en el contexto de la preparación del lecho de la herida. Revista ROL Enf 2013;36(2):109-14. 5. Ramundo J, Gray M. Collagenase for enzymatic debridement: a systematic review. J Wound Ostomy Continence Nurs. 2009 Nov-Dec;36(6 Suppl): S4-11. 6. Balbino CA,

Pereira LM, Curi R. Mecanismos envolvidos na cicatrização: uma revisão. Rev Bras Ciênc Farm. 2005;41(1):27-51. 7. Rippon MG, Ousey K, Rogers A, Atkin L. Wound hydration versus maceration: understanding the differences. 2016;12(3):62-8. 8. Meio de cultura para bactérias do gênero Clostridium livre de componentes de origem animal e processo para produção de sobrenadante contendo uma ou mais proteases com atividade colagenolítica e gelatinolítica [Internet]. Google patents. Disponível em: https://patents.google.com/patent/WO2013177647A1. Acesso em: 8 out 2018. 9. Pimentel VP, Vieira VAM, Mitidieri TL, Oliveira FFS, Pieroni JP. Biodiversidade brasileira como fonte da inovação farmacêutica: uma nova esperança? Revista do BNDES. 2015;43:41-89. 10. Gerência-Geral de Medicamento e Produtos Biológicos. Resolução RE º1009, de 20 de abril de 2016. Diário Oficial da União. 25 abr 2016; Seção 1:28. 11. Alegria MC, Fardelone LC, Delalana MBR, Thiemann JE, Astolfi Filho S, Moreira RCD, Pacheco OC, inventores. Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda., depositante. Animal product-free culture medium and a process for producing a supernatant of clostridium comprising one or more collagenolytic and gelatinolytic proteases. US9725692B2. 8 ago 2017. Disponível em: <https://patentimages. storage.googleapis.com/c1/1a/7e/a573f9292aa4b3/US9725692.pdf>. 

FRASE DE ALERTA: KOLLAGENASE É UM MEDICAMENTO. SEU USO PODE TRAZER RISCOS. PROCURE O MÉDICO E O FARMACÊUTICO. LEIA A BULA.

Kollagenase colagenase – pomada dermatológica 0,6 U/g, USO TÓPICO. USO ADULTO E PEDIÁTRICO. INDICAÇÕES: Como desbridante enzimático para o tratamento de lesões da pele em que é indicado o desbridamento em feridas, úlceras e lesões necróticas em geral; gangrenas de extremidade; lesões por congelamento; condições associadas à difícil cicatrização; queimaduras; previamente ao transplante de pele. CONTRAINDICAÇÕES: hipersensibilidade à colagenase ou a qualquer outro componente da formulação. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: Se não houver melhora após 14 dias, consultar seu médico. CRISTÁLIA - Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. - Farm. Resp.: Dr. José Carlos Módolo - CRF-SP nº 10.446 - Rodovia Itapira-Lindóia, km14, Itapira-SP - CNPJ Nº 44.734.671/0001-51 - Indústria Brasileira - SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente): 0800 7011918 – nº do Lote, Data de Fabricação e Prazo de Validade: Vide Bisnaga/Caixa. CLASSIFICAÇÃO: VENDA LIVRE - Reg. MS nº 1.0298.0431. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.





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