Internações por queimaduras com álcool 70% sobem no país

- 12/08/2020


SBQ acompanha, diariamente, os dados de CTQs

A Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) acompanha diariamente, desde março, os casos de internações com queimaduras devido ao álcool 70%, em 36 Centros de Tratamento de Queimados (CTQs) e hospitais gerais pelo país. O monitoramento gerará um estudo científico do impacto do álcool durante a pandemia no Brasil.

Desde o dia 19 de março até o dia 12 de agosto, já foram contabilizadas 497 internações por queimaduras com álcool 70%, na forma líquida ou em gel. Delas, 141 foram em São Paulo, 107 em Goiás, 63 em Pernambuco, 34 em Mato Grosso, 20 em Minas Gerais, 17 internações na Bahia e no Espírito Santo, 16 em Brasília, 12 no Paraná e em Sergipe, 11 no Rio de Janeiro, oito no Mato Grosso do Sul, sete em Teresina e no Rio Grande do Norte, seis no Pará e na Paraíba, cinco em Porto Velho e no Rio Grande do Sul e três em Santa Catarina.

A Sociedade Brasileira de Queimaduras e o cirurgião pediátrico Maurício Pereima são os responsáveis por coletar os dados dos pacientes enviados pelos CTQs do país, até o final do ano o estudo deve estar pronto. De acordo com o especialista, durante toda a epidemia do Covid-19 se estimulou o uso do álcool para fazer a assepsia, mas se esqueceu de orientar a população sobre os riscos do álcool e não ofereceu outros produtos que poderiam ser utilizados com a mesma eficácia para fazer a prevenção da doença.

De acordo com o médico, há cerca de nove anos, quando foi proibida a venda do álcool líquido no país, houve uma diminuição de cerca de 30% da incidência geral de queimaduras no período, mostrando que o álcool é um importante agente etiológico que causa queimaduras. “A gente está numa luta constante para diminuir a incidência de queimaduras por álcool no Brasil. Aqui é o único país do mundo que tem essa estatística alta de queimaduras pelo produto. O álcool é utilizado culturalmente como produto de limpeza de fácil acesso e barato. As pessoas usam indiscriminadamente, ser ter noção da gravidade”, reforça.

A mortalidade por queimadura em grande extensão chega de 5% a 8%. Quando não leva ao óbito, a pessoa padece de uma doença crônica. A pele queimada não protege do sol eficientemente, precisa ser hidratada constantemente, pode ter câncer, se o paciente tiver queimaduras graves e ficar internado tem grandes chances de ficar com doenças na parte imunológica, cardíaca ou neurológica por muitos anos. Além de ficar com limitações funcionais e de autoimagem que podem afetar o paciente emocionalmente e psiquiatricamente.

QUEIMADURAS - Neste período de pandemia, houve uma modificação do acidente. “Devido aos alertas da importância dada ao álcool como agente higienizador, as pessoas passaram a usar de maneira diferente de como usavam antes. Ao invés de só passar nas mãos, elas começaram a utilizar no corpo para se proteger. Ou seja, perto de uma chama, um isqueiro ou um cigarro, a pessoa pode se incendiar”, explica o presidente da SBQ, José Adorno.

A indústria ampliou o leque de ofertas dos produtos com outras variações: em spray, hidratante, perfumados e glicerinado. “Quanto tempo permanece na pele em relação ao álcool que não tem produtos adicionados? Não temos estudos ainda sobre quais cuidado a mais devemos ter”, destaca o médico.

PREVENÇÃO – José Adorno lembra que a luta contra a presença do álcool no ambiente doméstico é longa. O especialista explica que o levantamento identifica uma relação de causa e efeito, com a disponibilidade do álcool as pessoas estão tendo mais acidentes com o produto, logo ações de prevenção devem ser tomadas.

Para Adorno, “retirar o álcool do ambiente doméstico, exigir que as embalagens sejam mais seguras e identificadas como agente perigoso. Adotar medidas de normatização e leis que limitam o acesso ao produto. Além de criar campanhas educativas com a população ensinando e alertando sobre o perigo de lidar com a substância altamente inflamável que causa acidentes graves, especialmente em crianças e idosos que são pessoas mais vulneráveis a esse tipo de acidente”.

Outras Notícias

Brasil ganha primeiro Laboratório da Pele de Tilápia, instalado na Universidade Federal do Ceará

Rechaud: é preciso regulamentação e campanhas preventivas

Maria Leonor Paiva, segunda vez presidente da SBQ RN

Nova edição da Revista Brasileira de Queimaduras já pode ser acessada

Luana Gaspar foi vítima de um fio desencapado que quase lhe custou a vida

ISBI abre chamada para programa de avaliação de centros de queimados

CampSamba 2025 reuniu 15 crianças vítimas de queimaduras em Pernambuco

Queimaduras entre crianças: um risco subestimado e frequente

SBQ e Cofen conversam sobre Linha de Cuidados em Queimaduras

No Dia da Secretária, SBQ reconhece a importância da atuação de Loraine Derewlany, secretária executiva da entidade

Membrana amniótica já compõe Política Nacional de Doação e Transplantes criada pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (26)

SBQ participa de Movimento pela Curricularização dos Conteúdos sobre Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos

Fernanda Gazola: “a vida de um sobrevivente de queimaduras é recomeçar todos os dias”

Painel sobre uso da membrana amniótica em pacientes queimados rende elogios

Fala, presidente: Wandressa Nascimento preside a SBQ SE

SBQ e Fundação Ecarta se unem para dar visibilidade à campanha de doação de pele e de membrana amniótica

Porque é tão importante cuidar da saúde mental das vítimas de queimaduras?

SIG Queimaduras completa sete anos com muitos motivos para comemorar

Assembleia aprova nomes para o conselho fiscal da SBQ e o início da elaboração de um compliance

Dia do voluntariado: a importância de doar tempo, talento e amor a quem precisa