YD Comunicação - 23/04/2021
O presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) regional Distrito Federal, o cirurgião plástico Ricardo de Lauro Machado Homem, conta que atuar na prevenção primária é uma das metas de sua gestão. “Em queimaduras, prevenir é sempre melhor e mais barato que tratar”, destaca.
Atualmente, o profissional atua no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e em seu consultório privado. O especialista também faz plantão em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) da medicina privada e pública.
Como iniciou o atendimento a pacientes queimados?
Ainda durante a residência de cirurgia plástica, no estágio obrigatório da especialidade, dando continuidade a esse tipo de atividade um tempo após o término da especialização, por uma questão de identificação pessoal com o tipo de trabalho que lidar com pacientes queimados envolve. O clima geral de trabalho costuma ser muito bom, além de instigante, interessante e gratificante.
É a primeira vez que faz parte da diretoria da SBQ? O que o motivou a entrar?
Sim, a importância do trabalho multidisciplinar em queimaduras e a necessidade de nos unirmos em torno da comunhão de conhecimento e da experiência dos inúmeros profissionais que lidam com esse tipo de desafio no Brasil e no mundo.
O que pretende fazer enquanto presidente da SBQ regional?
Começar pelo básico, ajudando o trabalho já assumido pelas nossas chefias, fortalecendo o nosso serviço de referência que é a Unidade de Queimados do Hran, sob a chefia, atualmente, do doutor Gilberto de Aguiar.
A meta da atual diretoria é a de unirmos a equipe da nossa unidade em torno de objetivos claros, específicos, práticos e simples, ainda que ambiciosos, por envolverem mudanças de mentalidade e de hábitos.
Primeiramente, gostaríamos de sistematicamente e de forma contínua, compilar e analisar os dados epidemiológicos dos pacientes que chegam até nós, seja através do pronto-socorro ou ambulatório, sejam eles internados ou não. Esse tipo de trabalho há de possibilitar um diagnóstico pormenorizado do que enfrentamos e quais os processos que podem ser melhorados, levando em conta os objetivos que sejam prioritários e factíveis.
Além disso, é vital discutir e implementar, aos poucos, protocolos adotados em outros centros especializados, bem como introduzir pequenas mudanças em determinadas rotinas da unidade, as quais podem determinar, às vezes, grandes ganhos na qualidade de atendimento aos nosso público alvo, como por exemplo, o melhor manejo preventivo e sintomático da dor, a prevenção e o combate à infecção, dentre tantos outros pontos primordiais. De fato, a adoção desses e de vários outros cuidados e procederes, muitas vezes básicos, tem o potencial de impactar enormemente o resultado final para nossos pacientes.
Ademais, a educação e o treinamento continuado de toda a equipe são de suma importância e é ele que permitirá o alcance parcial ou pleno desses objetivos.
Mas, cremos que o principal e mais grandioso desafio, ao qual não estamos muito habituados por atuar numa esfera de ação à qual não somos familiarizados, é na prevenção junto à comunidade.
Quais são os maiores desafios?
Em queimaduras, prevenir é sempre melhor e mais barato que tratar. Para esse trabalho de prevenção primária, achar os canais certos, quais sejam os atores sociais com papel chave, sejam eles individuais ou institucionais, é o caminho a ser trilhado de forma perene, não esquecendo da necessidade de constante reavaliação de resultados e metas.
Aprender a trabalhar com os recursos humanos, logísticos e materiais dos quais dispomos é também importante, sem esquecer de buscar a incorporação de melhores condições para exercício do nosso trabalho, sempre pensando em prol dos nossos pacientes.