- 31/01/2025
A Sociedade Brasileira de Queimaduras retorna, neste ano, com a editoria Fala, presidente para apresentar quem compõe a diretoria nacional e as regionais da entidade. A primeira entrevista é com a recém-eleita Kelly Danielle de Araújo, que já foi vice-presidente da regional de Minas Gerais e, também, da nacional até ano passado. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais desde 1999, tem especialização com residência médica em cirurgia geral e cirurgia plástica. Atualmente, é médica no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG).
SBQ - Em que ano e como a senhora começou a se envolver com queimaduras? Foi um desejo de sempre ou algo provocou esse querer?
Kelly de Araújo – Eu já atendia paciente queimado no Hospital João XXIII, mas na admissão na urgência, não tinha trabalhado em CTQ. Em 2019, eu assumi a coordenação da cirurgia plástica e junto à coordenação de cirurgia plástica você assumia também o centro de tratamento de queimados. Antes eu não pensava que ia trabalhar tanto com queimadura e à medida que eu comecei a trabalhar, eu me encantei.
SBQ - Quais caminhos percorreu para chegar aonde está?
Kelly de Araújo – Eu trabalhei em pronto-socorro em três hospitais públicos com atendimento de urgência, onde tinha ali o atendimento ao queimado e trabalhei também no Hospital das Clínicas, onde a gente atuava mais com sequela. E quando eu cheguei no CTQ, já busquei a Sociedade Brasileira de Queimaduras para poder me informar, me manter atualizada para aprender muito da rotina do paciente queimado e da equipe multiprofissional.
SBQ - O que é o mais difícil em atuar com queimaduras?
Kelly de Araújo – O mais difícil é trabalhar com a prevenção, principalmente em razão dos problemas sociais envolvidos. Como você explica os perigos para uma pessoa que precisa usar combustível para cozinhar porque não tem dinheiro para comprar o gás? Como explicar o cuidado para uma mãe que precisa deixar uma criança cuidando de otura criança para trabalhar? É difícil mudar essa cultura.
Outra dificuldade está relacionada ao sistema público de saúde. O atendimento de pacientes com queimaduras está defasado, não desenvolveu nem em tecnologia nem na questão dos honorários. Não tem um apoio financeiro para cobrir as diárias, para cobrir o material, para cobrir aquele equipamento que você precisa adquirir. Isso também é difícil.
SBQ - Como foi sua entrada na SBQ? O que motivou?
Kelly de Araújo – O que me incentivou a entrar para a SBQ foi trabalhar com o queimado e ter uma sociedade que vai te ensinar de capacitar, de orientar. Quando eu conheci as pessoas na SBQ, eu senti um ambiente muito receptivo, querendo ajudar, querendo acolher, e foi muito bom isso. Rapidinho eu me senti em casa. Fui motivada por tudo que aconteceu aqui em Minas Gerais e todo esse processo e as conquistas. A gente teve um diagnóstico situacional aqui que eu sei que é bem parecido com muita coisa que está acontecendo no Brasil. Então, na verdade, o que a gente batalha pra cá é uma coisa que a gente sabe que está sendo necessária no Brasil todo. Nem falo só em linha de cuidados, mas também em termos de educação, em termos de preparo do profissional.
SBQ – A senhora foi presidente regional da SBQ, depois passou a vice nacional e agora assume a presidência. Quais serão as prioridades?
Kelly de Araújo – Nosso compromisso será desenvolver e fortalecer a Linha de Cuidado às Pessoas com Queimaduras, sempre fundamentada na ciência, com foco na saúde e na qualidade de vida dos pacientes. Outro ponto importante da nossa proposta é aproximar ainda mais as equipes que tratam os pacientes da prática científica, promovendo a integração entre assistência e inovação. Sabemos que há muito trabalho pela frente, mas estamos profundamente motivados e preparados para enfrentar esse desafio.
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