YD Comunicação - 11/04/2023
Diagnóstico de infecção do paciente queimado merece atenção pelas alterações fisiológicas já causadas pelas queimaduras
O infectologista é o profissional que trata da prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças infecciosas. Nos centros de tratamento de queimados (CTQ), ele é essencial para atuar na recuperação do paciente que, devido às feridas, é mais suscetível a infecções.
"Esse tipo de paciente perde a pele, uma barreira importante do organismo para prevenir a infecção, mas também têm alterações fisiológicas que são causadas pela queimadura e faz com que o paciente apresente sintomas, e principalmente, uma resposta inflamatória que, muitas vezes, é atribuída à infecção. O limite entre a presença ou não da infecção é uma linha muito tênue que precisa ser sempre discutida para evitar o uso excessivo de antimicrobianos", conta a médica do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Geral do Estado, Edilane Voss.
O infectologista junto com o farmacêutico clínico atuam na escolha de antimicrobianos e participam, sempre em conjunto com a equipe multidisciplinar, da escolha do curativo, indicação de cirurgia e outras medidas importantes no tratamento da infecção.
"Dentro do CTQ, discutimos todos os ângulos do paciente, sempre levando em consideração a expertise de cada membro da equipe. São pacientes com quadros complexos e muitas vezes pacientes muito graves. A infecção é a principal complicação dos pacientes queimados, mas ao longo dos anos percebemos a diferença no cuidado quando trabalhamos com toda a equipe multidisciplinar", destaca a médica.
Sobre os cuidados para evitar infecções, Edilane Voss fala da higiene das mãos, que é importante para todos, não apenas para os profissionais de saúde, mas para familiares e até o próprio paciente.
Tipos de infecções - Com o paciente queimado há um cuidado maior com os curativos, lesões de pele e, a depender da área queimada, com o acesso que fica muito próximo a área queimada. Edilane Voss conta que do paciente queimado se espera uma taxa maior de infecção de pele, pela própria lesão. Mas não é isso que ocorre no Centro em que atua.
"No nosso CTQ, a principal infecção é a de corrente sanguínea, principalmente associada ao cateter venoso central. As taxas de infecção de pele são muito baixas, em torno de 5% a 6%. Outros sítios, como a infecção associada à ventilação mecânica ou infecção urinária associada à sondagem vesical de demora, temos taxas muito baixas. No ano passado, tivemos nove meses com taxa zero de infecção urinária e oito meses de taxa zero de pneumonia associada à ventilação mecânica", explica.
Segundo a médica, no CTQ do Hospital Geral do Estado a unidade monitora de perto as infecções. Identificando o sítio da infecção (local da infecção) e as medidas de prevenção para redução de casos.