YD Comunicação - 14/06/2022
Queimadura nos pequenos podem apresentar mais gravidade que em adultos. Por isso, prevenir é o melhor
Vulneráveis e mais frágeis, os pequenos são vítimas em 30% dos acidentes com queimaduras, sendo 90% deles em situações que acontecem dentro de casa e poderiam ser prevenidos. Com as férias escolares chegando, a atenção deve ser redobrada.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras da regional do Distrito Federal (SBQ/DF) e chefe do Centro de Tratamento de Queimaduras do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Ricardo de Lauro Machado Homem, a criança é mais vulnerável, por ser menor, por não ter muito reflexo e correspondem em maior número de acidentes com queimaduras.
“Aqui no Hran as crianças correspondem a 49% das vítimas, uma média em outras estados também, mas em algumas regiões chega até a 60%. O acidente mais comum é de escaldadura (50% em média), que são líquidos quentes, em seguida são os líquidos inflamáveis (álcool, por exemplo). São acidentes que acontecem por curiosidade das crianças e todo cuidado é pouco”, destaca.
Foi por conta da curiosidade que Davi Noleto, 9 anos, sofreu uma queimadura de primeiro grau. Por um momento de distração dos pais, ele pegou um fósforo e queimou uma folha de caderno, causando queimadura em seu braço. "Nesse dia, pegamos uns vídeos de crianças com sequelas de queimaduras e mostramos para ele e para a irmã e fizemos o alerta. Desde esse dia, não mexeram mais com fogo", lembra o pai, Leonardo Peixoto.
A auxiliar de produção Erica de Assis também se recorda do susto que levou quando seu filho Davi de Assis, na época com 4 anos, ficou internado por causa de queimaduras. "Em 2010, ele mexeu com um frasco de desodorante aerosol e colocou fogo. Queimou sua blusa com a chama e teve queimadura de terceiro grau, queimando 30% do corpo", conta.
Davi ficou internado por mais de um mês no Hran, passou por cirurgias e teve acompanhamento de diversos profissionais. "Graças a Deus, hoje meu filho está bem. Isso não afetou a relação dele de conviver com outras pessoas. Ele é jovem, saudável e não se abala com as críticas, inclusive ama andar na rua sem camisa", comenta Erica.
NÚMEROS NO DF – A título de exemplo, somente no pronto-socorro do Hran, o número de atendimentos em 2019 foi de 2684; em 2020, foi de 2084; e em 2021, foram 312. Neste ano de 2022, deve bater o recorde. “Ainda estamos no meio do ano, mas os casos de queimaduras têm aumentado de maneira preocupante. Quando acontecem, damos o tratamento adequado, mas o ideal é prevenir. Queimaduras doem bastante”, ressalta Ricardo Homem.
Em relação ao tratamento de queimaduras em crianças, Ricardo explica que, de maneira geral, é o mesmo quem em adultos, mas com algumas particularidades. “As crianças demandam cuidado especial, pois são mais frágeis, têm pele mais fina, superfície corporal e peso diferentes de uma pessoa adulta. Uma queimadura de 10% em uma criança tem um impacto muito maior que em um adulto. A criança tem maior composição corporal de água e em uma queimadura ela perde líquido, perde sais e tem maior chance de ficar desidratada, além de mais possibilidade de ficar com sequela emocionais. Por isso, temos que prestar atenção e evitar esses acidentes”, conclui Ricardo Homem.
FIQUE DE OLHO
De uma maneira geral, as dicas para se evitar acidentes de queimaduras com crianças são:
- A supervisão constante por adultos;
- Evitar-se o acesso de crianças aos ambientes de cozinha e churrasqueiras;
- Manter panelas e frigideiras com o cabo voltado para dentro do fogão, de preferência nas bocas de trás;
- Manter produtos químicos e particularmente inflamáveis fora do alcance de crianças;
- Jamais fumar perto de uma criança;
- Não deixar fósforos e isqueiros ao alcance delas;
- Manter ferro de passar e equipamentos de alisamento de cabelo guardados e longe do alcance das crianças;
- Não deixar toalhas de mesa compridas, que possam ser puxadas por crianças na fase em que elas estão se segurando nos objetos ao redor, pois vasilhas com alimentos quentes apoiados sobre a mesa podem cair sobre elas;
- Usar protetores de tomadas elétricas e manter aparelhos elétricos, eletrônicos e extensões longe de crianças;
- Não deixar que crianças lidem ou brinquem com fogos de artifício;
- Evitar exposição prolongada ao sol. Uso de protetor solar de hora em hora e evitar as horas depois das 10h e antes das 15h.