YD Comunicação - 27/05/2022
O pouco número de CTQs no país ainda atrapalha o rápido atendimento, essencial para não causar sequelas ou risco de complicações
Ao sofrer uma queimadura, o rápido atendimento médico pode evitar complicações e sequelas tanto precoce quanto tardias. Nem sempre o paciente consegue ser atendido, pois há regiões no país sem centros tratamento de queimados (CTQ) ou até mesmo sem estrutura para recebê-lo.
Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), em 2021, identificou a existência de mais de 50 locais com serviços que são referências em queimaduras no Brasil, entre hospitais e CTQs. Após a pandemia da Covid-19, o número diminuiu e os mais estruturados são pouco mais de 40 locais.
De acordo com o presidente da SBQ, José Adorno, o conhecimento dessa rede ainda é frágil. “A pesquisa foi feita no meio da pandemia e sabemos que de lá para cá muitos serviços tiveram dificuldades de se reestruturar - seja por abertura de leitos, mais espaço e pela grande perda de força de trabalho”, destaca.
Segundo Adorno, o Norte e Nordeste do país têm áreas chamadas de vazios estruturais, ou seja, lugares sem serviços estruturados e com distâncias longas aos locais que tratam queimaduras. Ele cita como exemplo o Maranhão, que não tem CTQ e está na expectativa de inaugurar um, no Hospital da Ilha, em julho deste ano.
Na região Sudeste, especialmente em São Paulo, há um número grande de centros, entre 14 e 16, mas muitos tiveram dificuldades de se reestruturar. Ainda de acordo com o presidente, no Rio de Janeiro há centros instalados, mas que há tempos sofrem de muitas dificuldades. Os indicadores de atendimentos, especialmente de mortalidade, são mais altos do que o previsto para a região.
“Isso mostra um panorama bem diverso para o Brasil, ou seja, falta total de construção de serviços ou serviços instalados, mas que não estão funcionando adequadamente. Depois da pandemia, como todo sistema de saúde sofreu um impacto muito grande nas suas estruturas e na sua força de trabalho, a área de queimados também precisa de uma atenção especial para a sua reestruturação e a construção de uma rede. Não basta ter centro de queimados em um e outro lugar. É verdade que isso tem sido muito importante, foi o que sustentou o atendimento de queimados no Brasil, mas a falta de acesso pela distância, para uma rede de média complexidade que não foi instalada ainda, todos esses aspectos têm que ser pensado quando se fala em atendimento a queimado no Brasil”, completa José Adorno.
Um projeto futuro, entre a SBQ e o Ministério da Saúde, será de reavaliar essa rede e conhecer todos os serviços para ver qual a capacidade instalada existe, de fato, no país - número de leitos, rede de multiprofissionais disponíveis, adequações em relação à exclusividade do atendimento, especialmente das internações.
Atendimento médico – No atendimento de um paciente vítima de queimadura, a primeira hora é fundamental para que o desfecho a longo prazo seja favorável. A demora acarreta um pior prognóstico, aumentando, significativamente, o risco de complicações, como conta o vice-presidente da SBQ e coordenador do CTQ do Hospital Geral do Estado da Bahia, Marcus Vinícius Barroso.
O transporte do paciente queimado vai depender da gravidade da queimadura. “Pacientes classificados como grandes queimados devem ser transportados em ambulância ou aeronave com suporte de unidade de tratamento intensivo (UTI), com a presença de um médico e equipe, habilitados a atender prontamente qualquer intercorrência durante o transporte”.
Marcus Barroso lembra que a maioria dos acidentes são evitáveis e que, com a campanha Junho Laranja, promovida pela SBQ, vem a oportunidade de alerta a população sobre os riscos. “Prevenir sempre é o melhor tratamento”, conclui o vice-presidente da SBQ.
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