Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher: queimadura é resultado em casos de agressão

YD comunicação - 10/10/2023

Raquel Pan falou sobre o tema durante apresentação no XIII Congresso Brasileiro de Queimaduras


Desde 1980, o dia 10 de outubro está reservado a uma causa nobre: a luta contra a violência contra a mulher. Entre 2020 e 2021, uma estimativa do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) mostra que, no Brasil, o número de delitos contra as mulheres quase triplicou: passou de 271.392 registros para 823.127, um aumento de 203.30%. 

A queimadura está entre um dos métodos de violência empregados e com um agravante: muitas vezes o objetivo do agressor não é matar a vítima, mas sim, desfigura-la ou causar-lhe dor. 

“Os ataques ocorrem, principalmente, no rosto, pois intensificam sentimentos de humilhação e vergonha da mulher. É local do corpo de fácil acesso e maior exposição”, diz a professora, enfermeira e representante internacional da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Raquel Pan, em um estudo intitulado Violence by Burning Against Women and Girls: An Integrative Review, realizado em parceria com outras quatro professoras da Austrália e Canadá e apresentado durante o XIII Congresso Brasileiro de Queimaduras. 

O estudo diz, ainda, que as queimaduras mais frequentes no mundo são por chama (querosene) e ácido (sulfúrico e nítrico). No Brasil, o principal agente é o álcool líquido. Ele também traz o perfil das vítimas: mulheres de 15 a 30 anos, sendo a maioria de 21 a 30 anos, casadas, com baixo nível socioeconômico e baixo nível educacional e alta dependência emocional e financeira dos parceiros e familiares. 

Segundo Raquel Pan, devido aos desafios sociais e políticos envolvidos, ainda é pouco conhecido sobre as características dessas mulheres vítimas de violência por queimaduras. “Por isso, precisamos de mais estudos e chamar atenção para essa problemática que influencia a vida de tantas mulheres e famílias”, ressalta Pan.

Brigas – A influenciadora digital Jeniffer Júlia, 33, não foi atacada pelo ex, mas o acidente que sofreu com álcool está diretamente ligado ao relacionamento conflituoso que tinha com ele. 


“Estava fazendo uma faxina em casa e discutindo com meu ex, que era extremamente tóxico e possessivo, o que me fazia ter crises de ansiedade e depressão. Fui colocar fogo no lixo e perdi o foco durante a discussão, caiu álcool em mim e o fogo veio para o meu cabelo e meu corpo. Tive 48% do corpo queimado, fique 33 dias na UTI, entubada, fiz oito procedimentos cirúrgicos”, detalha a jovem. 

Ela conta, ainda, que durante o tratamento engravidou e foi abandonada pelo ex. Precisou fazer tratamento para aceitar a própria imagem, entrou em depressão. “Tive ansiedade, bulimia nervosa, não conseguia me reintegrar na sociedade, vivia em isolamento total. Foram três anos de tratamento”, relembra.

Jeniffer conta que durante o tratamento conheceu muitas vítimas de queimaduras com quadro depressivo provocado por abuso psicológico e emocional causados pelos seus companheiros que as levaram à tentativa de suicídio com uso de gasolina, álcool e até acetona. 

“Hoje em dia eu trabalho em uma OnG como voluntária. Faço trabalho de digital influencer com o foco de empoderamento feminino e ajudo mulheres todos os dias a ressignificar a sua dor e a sua história”, conta. 

10 de outubro – O Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher foi criado em 1980, a partir de um movimento nacional realizado em São Paulo. Vale destacar que o Dia Internacional pela não Violência Contra à Mulher é lembrado em 25 de novembro. O Brasil é o 7º que mais mata mulheres entre os 84 que compõe o ranking da Organização Mundial da Saúde. 


Denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas pelo telefone 180. 

Outras Notícias

Profissionais de saúde promovem ação em Angola para tratar crianças vítimas de queimaduras

Brasília recebeu último CNNAQ do ano neste fim de semana

Prazo para pagamento da anuidade 2024 termina em 30 de novembro

Aloenxertos será tema apresentado pelo médico André Paggiaro no próximo SIG Queimaduras

Interessados em concorrer às diretorias nacional e regional da SBQ devem enviar chapa até 15 de novembro

Participe do Inquérito SBQ 2024 e ajude-nos a documentar a realidade dos CTQs no Brasil

Começa nesta segunda-feira (4) a Semana Mundial de Queimaduras em formato online

EU VENCI – Daniel Moraes pensou que a queimadura era o fim da linha, mas foi o início de uma nova história

Novo fascículo da RBQ está disponível para download

SBQ divulga resultados do XIV Congresso Brasileiro de Queimaduras

Terapeuta ocupacional realiza treinos das atividades diárias promovendo qualidade de vida ao paciente

Fundação Ecarta promove abaixo-assinado em prol da regulamentação do uso de membrana amniótica

SBQ convoca Assembleia Geral Ordinária para 23 de novembro para nova eleição de diretoria

No Dia do Médico, presidente da SBQ fala da trajetória e requisitos para atuar com vítimas de queimaduras

Em cinco anos, 46,1% dos óbitos por queimaduras foram atribuídos à eletricidade

Comitê de Fisioterapia reúne 11 profissionais e já lançou protocolos sobre cuidado inicial de paciente queimado

SBQ apoia publicações e firma parcerias para disseminar informações de prevenção a queimaduras em crianças

Casos de violência contra mulheres envolvendo queimaduras ainda são subnotificados

Cartilha educativa sobre queimaduras levou Prêmio Elisabeth Greenfield no XIV CBQ 2024

Alterações farmacocinéticas no grande queimado é tema do SIG Queimaduras desta quarta-feira (2)