- 18/12/2017
Trabalhar em um projeto experimental, com o intuito de concluir o ensino superior e obter o tão sonhado diploma, é um processo árduo e exige meses de dedicação. Apesar disso, os frutos podem ser significativos para a sociedade. Esse é o caso do SOS Queimaduras, um site produzido e assinado por estudantes de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, que fornece informações de fácil acesso e propõe um novo olhar para as vítimas. O trabalho pode ser acessado no www.sosqueimaduras.com.br.
A ideia do grupo, formado pelos alunos Ana Paula Favaron, Izabel Urbano, Lucas Belido, Marcela Mattia, Marina Ferreira, Stéphanie Santos e Vitória Vinturini, sob orientação da professora e mestra Alexandra Gonsalez, surgiu de uma história pessoal. Um dos integrantes conheceu uma vítima de queimadura que, mesmo o acidente tendo acontecido há certo tempo, ainda carregava as marcas no corpo.
Depois disso, os estudantes perceberam que as informações relacionadas ao assunto eram mais complexas do que as difundidas para população. Assim, chegaram a conclusão que o tema poderia render inúmeros conteúdos. A proposta, então, se concretizou após uma pesquisa, na qual os acadêmicos descobriram números alarmantes: 300 mil pessoas morrem por acidentes relacionados a queimaduras no mundo, sendo 2,5 mil no Brasil.
“O processo de criação do site foi bastante trabalhoso. A gente tinha o objetivo de tratar desse assunto denso, e muitas vezes pesado, de forma humana e delicada”, informa os integrantes do SOS Queimaduras. O projeto é transmídia e abarca matérias, vídeos, textos e áudios. Todo conteúdo postado no site tem um teor leve e educativo. A primeira entrevista, concedida pela psicóloga Celeste Gobbi, que trabalha em uma ala de tratamento de queimaduras, despertou a criatividade dos estudantes e norteou grande parte projeto.
De acordo com os estudantes, produzir o SOS Queimaduras proporcionou momentos marcantes. Em uma das pautas, eles se descolaram até a Avenida Paulista e abordaram as pessoas que por lá passavam indagando a respeito das queimaduras. O resultado demonstrou que a população paulista sabe pouco sobre o tema. Em outra oportunidade, ao consultar pela primeira vez o presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Luiz Philipe Molina Vana, os graduandos também se surpreenderam com as informações coletadas.
Desde então, o presidente passou a colaborar, orientar, explicar e corrigir conteúdos, até que o produto estivesse finalizado. A participação de Molina foi essencial. “Como estudantes de Jornalismo, precisávamos de suporte nos assuntos relacionados à medicina e também do que era relevante estar no site. Mas conseguimos delimitar tudo graças aos Dr. Luiz Philipe”, relata o grupo.
Nota 10
Ao final da apresentação, realizada em 13 de dezembro, o SOS Queimaduras recebeu nota máxima de todos os avaliadores. “Nota merecida para um trabalho tão bonito, bem feito e extenso”, diz o presidente da SBQ.
Para Molina, o impacto do projeto é enorme por seu ineditismo e pelo público que atinge, pessoas leigas que buscam informações desde à prevenção ao tratamento. O trabalho também representa o preenchimento de uma lacuna, conforme diz o médico, uma vez que as queimaduras são vistas e discutidas, em sua maioria, somente no interior de uma pequena comunidade, que trabalha diretamente com o atendimento ao queimado. “A partir do momento que você tem grupos que falam sobre as queimaduras sem estarem ligados às unidades, isso amplia muito a visibilidade, a divulgação e passa a dar mais relevância ao assunto”, destaca.
Os idealizadores do portal pretendem dar continuidade ao site, buscando patrocínios para sua manutenção e produção de assuntos sob novos enfoques. “Nós da SBQ estamos muito contentes e orgulhosos que estudantes de Jornalismo tenham se engajado nessa direção”, conclui Molina.