YD Comunicação - 29/02/2024
Apesar do sofrimento com as drásticas mudanças provocadas pelas queimaduras, ela tem procurado formas de alertar a população sobre os riscos de acidentes
Aceitar o processo, lento e doloroso, e a nova imagem vista no espelho tem sido a maior dificuldade de Fernanda Nogueira. A ex-recepcionista viu sua vida mudar em novembro de 2021, quando o jantar na casa de amigos se transformou em dor e desespero.
“No momento em que foram reacender o réchaud, ocorreu a explosão. Eu fui a única pessoa atingida, pois estava sentada de frente com o ele. Tive 36% de área corporal queimada”, relembra. A primeira tentativa dos amigos foi apagar as chamas com almofadas, mas sem sucesso. “Então, me colocaram debaixo do chuveiro, depois me levaram ao hospital mais próximo, onde fiquei por sete dias na UTI e, então, fui transferida para um hospital particular não referenciado para tratamento de queimaduras”, lamenta Fernanda.
Desde então, já foram 15 cirurgias realizadas. As sequelas a impedem de trabalhar e a coloca a maior parte do tempo dentro de casa, para evitar a exposição solar. “Devido a atual rotina, tenho me dedicado mais à leitura e estudos relacionados a queimaduras, assim como iniciativas de propagar a prevenção”, ressalta.
Antes de chegar a um centro especializado em tratamento de queimaduras, Fernanda ficou cinco meses com as lesões abertas, sem enxerto. “Foi um sofrimento que provavelmente eu não teria passado se tivesse sido encaminhada diretamente”, lamenta.
Dificuldades – Fernanda destaca que tudo mudou em sua vida após o acidente: rotinas diárias, vida social, profissional, emocional, espiritual, psicológica. “A qualidade de vida sofre drasticamente”. Tanto impacto assim fez da ex recepcionista uma pessoa ansiosa, o que ela tenta resolver com acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
“Em um processo como esse não temos como acelerar nada. O que nos resta é esperar. São tantas as difíceis e quase impossíveis aceitações, no entanto vou citar uma que nesse momento tem doído mais, pois estou vivenciando: a instabilidade e imprevisibilidade do processo. Ou seja, não se trata de um processo linear. Em um momento avançamos dois passos, em outro recuamos um passo. Uma hora melhora, em outra piora”, diz Fernanda.
Mas, apesar de todas as dificuldades, ela não desiste e usa como impulso de vida o amor que tem pela família, em especial, pelos sobrinhos e pelo pai. Em razão disso, Fernanda busca formas de alertar a população para que acidentes como o dela não ocorram mais.
“Tenho tentado levar a importância de políticas públicas de prevenção, mas é muito difícil e desafiador conseguir chamar a atenção para a causa”, frisa, deixando um recado: “Gostaria de ressaltar a importância para as pessoas que ficam responsáveis em manusear rechauds ou churrasqueiras para que não façam uso de substâncias que alteram nossa percepção e atenção. Além disso, precisamos de ênfase em mais campanhas de prevenção e também sobre a vida de um sobrevivente. A sociedade não conhece esse mundo paralelo”, finaliza.